Por Glauco Fonseca
Se você ainda não entendeu direito os motivos que levam alguns colunistas e apaixonados por política (como eu) a tentar evocar um fenômeno chamado "oposição", vou tentar demonstrar a importância do antagônico, do contraditório e do "opor-se" da forma como eu entendo. Você vai se surpreender com a simplicidade e com a vital necessidade de que haja a tal da oposição.
Primeiro, vamos a um jogo de futebol. Peguemos um Grenal qualquer, que sempre acende as paixões e distingue claramente os que torcem pelo tricolor dos que torcem pelo colorado. Tente imaginar um jogo em que um só ataque e o outro parcamente se defenda. Pior ainda. Tente visualizar um time sequer entrando em campo, dando a vitória por W.O. para o adversário. Isto é concebível?
Agora imagine uma luta de boxe em que um não tenha vontade ou motivação para nocautear o outro. Olham-se, rodeiam, fazem de conta e não sem tocam. Ou ainda pior, simulam golpes como se estivessem num ringue de "telecatch" do Marinha Magazine (escusas aos mais jovens). Quanto tempo durará a farsa, a carreira dos atletas e o esporte como um todo?
Assim fica simples imaginar a necessidade de uma oposição séria e atuante, não apenas na política, mas em todos os aspectos da vida privada como a conhecemos. No seu trabalho, vamos supor que você seja alvo de gozações, de piadas, de injustiças. O correto é não reagir, não buscar o que é certo, ou deixar como está? Seus colegas (aqui segmentados representando a "sociedade") devem patrocinar esta opressão ou trabalhar para que você seja tratado com respeito e dignidade? É justo se opor a algo que é injusto, incorreto, desonesto? Responda!
Opor-se a algo é fundamental, principalmente em política. O mundo saiu das sombras das teocracias e dos fundamentalismos porque descobriu direitos e deveres, fundamentados não apenas em textos religiosos ou ditames exotéricos. O mundo evoluiu porque regulamentou a vida social através da democracia e do direito. E tanto a democracia quanto o direito garantem o contraditório, a liberdade e a defesa das minorias. O mundo só melhorou quando as pessoas cansaram-se da opressão e enfrentaram o status quo que lhes oprimia. E isto foi um sublime exercício do contraditório, da liberdade de ser e de agir, do direito de opor-se de fazer oposição.
Portanto, oposição é necessária. Pessoas eleitas pelo status quo fazem seu papel. Já as eleitas para oporem-se ao status quo, devem também fazer seus deveres. E isto é algo que também precisa ser revisto, regulamentado e discutido pela sociedade. Um deputado, um senador, um vereador eleito pela oposição deve fazer OPOSIÇÃO, ou então devolver seu mandato para aqueles que nele votaram.
Mas hoje é domingo, dia de futebol, dia de assistir a uma boa partida entre oponentes. Ou uma corrida de automóveis entre adversários, ou até mesmo um Big Brother Brasil, onde o que mais tem é uma briga trimestral entre pessoas fazendo verdadeira oposição umas às outras.