Perdão, senhora consumidora

Por Faustino Vicente* Esta é a atitute que deveriam tomar as empresas, órgãos públicos e profissionais liberais, que não têm tido a sensibilidade de …

Por Faustino Vicente*
Esta é a atitute que deveriam tomar as empresas, órgãos públicos e profissionais liberais, que não têm tido a sensibilidade de perceber que, na passarela da vida, é a mulher que dita a moda, não apenas no mundo da moda.
As conquistas da mulher transcenderam a sua crescente participação na população economicamente ativa, e provocaram uma verdadeira revolução no mundo dos negócios. Um dos fatores que mais têm contribuído para carreiras brilhantes é a sua vocação para mudanças, como podemos observar na diversidade das cores, fragrâncias, formas e modelos do seu próprio visual. Da compra da fralda para as crianças ao novo carro para a família, do mercadinho da favela às butiques dos shopping centers, lá esta ela com a sua inseparável bolsa à tiracolo, prontinha para fazer girar a economia mundial. Para encantá-la, os centros de pesquisa e desenvolvimento das grandes empresas investem pesado em ciência e tecnologia, os supermercados enchem as prateleiras de produtos prontos e semi-prontos, a indústria do vestuário aposta na ousadia, o segmento da beleza cria produtos para as mais variadas aplicações, e a construção civil e os eletro-domésticos tornam a casa cada vez mais inteligente, dando a luz o "produto" que mais seduz.
A escassez de tempo, as atividades externas dos filhos e do marido, a violência e a morosidade no trânsito são algumas das causas que levam a mulher a optar por compras facilitadas pelo comércio de vizinhança. Das vans para os filhos irem à escola ao delivery que traz a pizza quentinha, tudo deve ser feito para reverenciar sua Majestade, a mulher. Como produtividade e empregabilidade são palavras femininas, concluímos que foram inventadas por ela, que demonstra a singular habilidade de fazer cada vez mais, e melhor, com cada vez menos.
Mas qual é o perfil dessa nova consumidora, ou melhor, dessa nova Executiva de Suprimentos do lar? A primeira característica está na consciência dos direitos do Código de Defesa do Consumidor, que facilita a ida ao Procon, quando os fornecedores não cumprem as condições de venda. Ela é muito mais pesquisadora, e pechinchadora, que os homens, sabendo valorizar a sua renda familiar, na maioria das vezes pouco nutrida. Os comerciantes da região da 25 de março, em São Paulo, que o digam, pois o PIB dessas ruas depende, da coragem e da paciência de mulheres que enfrentam uma verdadeira multidão disputando espaço para obter vantagens nas compras. Elas adoram descontos, promoções e aquela irressistível banquinha de ofertas. Embora o preço seja o indicador de maior peso, ela é muito sensível à qualidade, gerando oportunidades para os empreendedores de pequenas empresas, produtos rotulados como primeiro preço, marcas próprias e medicamentos genéricos.
Outra característica é que, através da Internet, se tornou uma consumidora universal, receptiva à efetuar negócio nos quatro cantos do planeta. Ela é, também, mais interativa, troca "receitas"com mais frequência, forma grupos de donas de casa para promover pesquisas de preços, realizar "panelaços" e integra movimentos de voluntariado. É, por natureza, mais cautelosa e seletiva na escolha dos prestadores de serviços como, por exemplo, médico para seus filhos. Coerente no seu critério de avaliação ela usa com eficiência o marketing do tititi se for tratada com competência e respeito, pois quem o filho beija, a boca da mãe adoça. É mais observadora e exigente do que o homem, seja na seleção dos alimentos, nos prazos de validade, na leitura dos contratos, nas recomendações das embalagens, na limpeza e na higiene. Discriminada na questão salarial, a guerreira está fazendo da faculdade e do movimento de responsabilidade os seus ateliês prediletos para redesenhar a sua silhueta profissional. Pois fiquem alertas, rapazes: as belas estão se tornando cada vez mais, feras.
* Faustino Vicente é consultor de empresas.
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