Por quê?

Por Mario de Almeida* Creio que antes de falar "mamãe" e "papai", eu falei "por quê?", pois sou um curioso nato. Mas, felizmente, não …

Por Mario de Almeida*
Creio que antes de falar "mamãe" e "papai", eu falei "por quê?", pois sou um curioso nato. Mas, felizmente, não sofro de nenhuma curiosidade menor, fofoca ou coisinhas como saber quem está saindo com quem.
Muitas pessoas estranham quando chegam para mim e dizem:

- Vou te contar um segredo e, por favor, não contes pra ninguém.

- E tu, por favor, não contes pra mim.
Tenho um grande amigo, notório retardatário e, certa vez, coloquei-o num interrogatório cerrado para saber duas coisas: o motivo dele sempre atrasar-se e como ele conseguia conviver com esse defeito que o expulsaria do chamado Primeiro Mundo. Ele não conseguiu explicar direito nem o motivo nem como convive com isso, mas só nos encontramos se ele chegar antes ou em cima da hora marcada. Ele está, em relação ao relógio, na faixa tolerância zero. Continuo curioso a esse respeito.
Sou curioso mesmo, e por ter encontrado respostas para muitas coisas interessantes, há uns seis anos acabei entrevistado pelo meu amigo Jô Soares, a respeito de algumas delas.
Uma das maiores aberrações da língua portuguesa está no nosso universo profissional: mídia. Os "meios", os "caminhos" a que essa palavra se refere, é latim e se escreve media, que é o plural de medium. Ingleses e americanos, que inclusive têm o vocábulo medium em seu idioma - e com o mesmo significado - adotaram o plural com sua pronúncia em Inglês, ou seja, midia. Nossa macaquice, iniciada lá pelos idos de 1960, trocou a grafia latina pela grafia da pronúncia inglesa. E Jô, naquele programa, concluiu assim:

- Os macaquinhos, não satisfeitos, ainda colocaram o acento agudo: mídia.
Tenho duas filhas e ambas sabem, é claro, da minha insaciável curiosidade. Por acaso ou por conluio, saí do Natal com duas leituras compulsórias e gratificantes: A Casa da Mãe Joana (2), de Reinaldo Pimenta, e O Guia dos Curiosos - Língua Portuguesa, de Marcelo Duarte. Ambos os livros respondem a tantas curiosidades que estarei ocupado nas próximas jornadas de ócio.
Ao passar os olhos pela quarta capa do Guia dos Curiosos, encontrei essa "chamada": A palavra perereca vem do termo tupi pere reka, que significa "indo aos saltos". Conheça outras na página 69.
Essa perereca na página 69 despertou a minha curiosidade, é claro. Se além de seus significados eruditos, a palavra é popularmente conhecida como sinônimo de vulva, essa inserção justamente na página 69, foi apenas uma feliz coincidência ou uma malandragem do "seu" Marcelo Duarte?
Vou ter que escrever ao autor para saber a resposta. Por quê essas coisas acontecem comigo? Por quê?
* Mario de Almeida é jornalista, publicitário, dramaturgo, autor de "Antonio?s, caleidoscópio de um bar" (Ed. Record), "História do Comércio do Brasil - Iluminando a memória" (Confederação Nacional do Comércio) e co-autor, com Rafael Guimaraens, de "Trem de Volta - Teatro de Equipe" (Libretos)
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