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Por Fabio Arruda Mortara A indústria gráfica avalia com imensa satisfação a queda de 6,11% nos preços dos livros em 2011, indicada na pesquisa …

Por Fabio Arruda Mortara
A indústria gráfica avalia com imensa satisfação a queda de 6,11% nos preços dos livros em 2011, indicada na pesquisa "Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro", realizada pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), para as entidades do setor, CBL e SNEL. Mais gratificante é observar que o barateamento acumulado desde 2004 foi de 21,8%, ou, melhor ainda, 44,9%, se considerada a inflação do período.  
Também consideramos muito importante o fato de as editoras brasileiras terem comercializado 469,5 milhões de livros em 2011, 7,2% a mais do que em 2010, estabelecendo um novo recorde de vendas. O número é coerente com o movimento do segmento editorial da indústria gráfica brasileira, o de melhor desempenho no ano passado, cuja produção cresceu 6,34%. Outro dado interessante da pesquisa refere-se à ampliação do número de títulos. Foram publicados 58.192 em 2011, um aumento de 6,28% em relação a 2010, sendo 20.405 relativos a lançamentos.
Como cidadão, já é suficientemente estimulante constatar tais números do estudo da FIPE. Melhor ainda, como militante do associativismo no âmbito da indústria gráfica, é perceber na prática o quanto nossa atividade também é protagonista dos avanços verificados no setor editorial, a começar pela redução dos preços. Rubrica importante na composição do valor de um livro, a impressão somente teve seu custo mais baixo devido aos investimentos que as gráficas têm feito em tecnologia e equipamentos.
Em decorrência do aporte de capital, que somente em 2011 foi de 1,38 bilhão de dólares, e também do esforço em capacitação técnica e profissional, os livros não apenas estão mais baratos, como mais bonitos e mais bem impressos, destacando-se no contexto da indústria cultural. Tecnologia de ponta no parque gráfico também permite, a custos acessíveis, rodar tiragens menores, dando suporte à inteligente estratégia das editoras de ampliar o número de títulos. Isso significa que os setores editorial e gráfico estão possibilitando que os novos autores nacionais tenham mais oportunidades de publicar uma obra. Isso é positivo para o País.
E seria muito mais positivo ainda se não estivesse ocorrendo um sério problema: a contratação da impressão de livros brasileiros em outros países, inclusive obras didáticas compradas pelo governo às editoras, com o dinheiro de nossos impostos, para distribuição às escolas públicas. Os números do mercado, a capacidade de atendimento e os investimentos do parque impressor tornam injustificadas as impressões fora de nosso país, que geram no exterior os empregos que poderíamos estar criando aqui.
A qualidade de padrão mundial da indústria gráfica brasileira, sua capacidade de atendimento à demanda e os preços cada vez mais competitivos foram referendados pelo estudo da FIPE. Assim, é cada vez mais plausível e pertinente uma ação sinérgica com o setor editorial no sentido de atender à meta de ampliar o número de leitores no Brasil, essencial para nosso desenvolvimento. Quanto mais livros estiverem presentes no cotidiano de nossa população, mais próximos estaremos de uma sociedade pluralista, culta e democrática. Quanto mais livros forem disponibilizados aos alunos das escolas públicas, por meio dos programas de aquisição de obras didáticas, paradidáticas e gerais do governo, melhor cumpriremos a responsabilidade de ampliar as possibilidades de ascensão socioeconômica e inclusão, consentâneas da justiça social.
Trabalhar para o implemento e consolidação desses objetivos é um compromisso intrínseco a todos os integrantes da cadeia produtiva da comunicação impressa e da área cultural. Nossa melhor oportunidade de viabilizar o desenvolvimento sustentável está no conhecimento, o patrimônio mais precioso e inexpugnável de uma nação!

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