Quadro de Medalhas

Por Sérgio Capparelli Com o início dos Jogos Olímpicos tão perto, surgem apostas sobre quem vai liderar o quadro de medalhas. E agora, Jim …

Por Sérgio Capparelli

Com o início dos Jogos Olímpicos tão perto, surgem apostas sobre quem vai liderar o quadro de medalhas. E agora, Jim Scherr, chefe do comitê Olímpico dos Estados Unidos, afirma que seu país deve ficar atrás da China. Segundo ele, "a equipe chinesa é excepcionalmente forte e deve liderar".


Com a posição de um país no quadro de medalhas dá para saber um pouco sobre a atitude de um governo para com seus cidadãos. O quadro de medalhas mostra também como é a saúde da população. E se o governo favorece os esportes.


Cuba sempre esteve bem posicionada no quadro de medalhas em eventos esportivos. E todo mundo sabe que esse tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo, numa concepção de desenvolvimento mais social do que propriamente econômico. Até porque é difícil discutir desenvolvimento econômico quando o país sofre um bloqueio dos Estados Unidos há mais de 50 anos. E a posição em quadro de medalhas não deixa de ser uma propaganda indireta do modelo cubano.


Lembram-se da Alemanha Oriental. Ela também estava bem situada em quadros de medalhas olímpicas. Os outros países diziam que o quadro de medalha era mais um quadro de anabolizantes do que propriamente de medalhas. Uma maneira de desprestigiar aqueles que não eram regulados pelo mercado.


Mas a China segue o modelo capitalista. Aliás, a China é mais capitalista do que o Brasil, em termos econômicos, mesmo sendo politicamente um regime fechado, dirigido por um único Partido Comunista. E o que falar da China? Ah, na China as criancinhas são retiradas das famílias e passam por um treinamento intensivo que as transforma em robôs prontos para ganhar medalhas.


A verdade é que os países ocidentais ainda não conseguiram engolir a China. Quer dizer, engoliram durante um tempo, no século passado, humilhando o país e obrigando sua população a se drogar, para beneficiar os grandes traficantes internacionais, chefiados pela rainha da Inglaterra.


Depois da morte de Mao Zedong, a China deu a volta por cima. Ela cresceu ininterruptamente, nos últimos 29 anos, mais de 10% ao ano, e conseguiu tirar da linha de pobreza 400 milhões de habitantes. E continua crescendo. E muito tempo ainda vai passar, até o momento em que sobre os chineses não exista apenas olhares preconceituosos. Aí, sim, dizem os chineses, vai ser um negócio da China.


* Sérgio Capparelli é jornalista e escritor, colaborador de Coletiva.net.

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