Por João Firme de Oliveira*
Festival de Gramado, Festival de Gramado em Paris, Fórum Social de Publicidade e agora o Congresso Gaúcho de Agências de Publicidade: de que modo estes eventos surgiram e como se tornaram relevantes para todo o mercado? É difícil mensurar a dimensão desses eventos quando estamos intimamente ligados com a sua concepção e realização. Justificar estes empreendimentos faz passar pela mente algumas imagens que continuam registradas como experiências saudáveis que trouxemos para as entidades que dirigimos. Então, vamos contar algumas histórias.
Desde o marketing da 1ª Fenac - Feira Nacional do Calçado, de Novo Hamburgo, passando pelas primeiras Fenasoja - Festa Nacional da Soja de Santa Rosa; a aproximação com o mundo da comunicação (criando agências no distante fevereiro de 1966); a 1ª Exposição dos Financiados da Aliança para o Progresso de Porto Alegre (1965); 1ª Fenatrigo - Festa Nacional do Trigo de Cruz Alta inaugurada pelo escritor Érico Veríssimo, que voltou à terra natal depois de estar ausente 40 anos (1975); Fiptur - Festival Internacional de Publicidade de Turismo e Ecologia de Porto Alegre (1988); 1º Seminário do Novo Código Civil de Passo Fundo (1973); Caravana da Propaganda, que visitou 32 cidades gaúchas (1982); e 1º Fórum Latino-Americano de Marcas e Patentes e Direito Autoral (2002), entre tantos outros exemplos, muita coisa se passou. Creio que faz parte da nossa maneira de trabalhar estar sempre inventando um novo evento, uma nova iniciativa. Como no 3º Congresso Brasileiro de Propaganda, realizado em 1978 em São Paulo, quando sustentamos, em nome da Abap e do Sindicato das Agências do RS (Sapergs), a tese "O Direito à Publicidade sem Censura", aprovada pelo plenário. Em novembro do mesmo ano, o então ministro da Justiça, Armando Falcão, suspendeu, depois de cinco anos, a censura prévia à publicidade no Rádio e na Televisão com base no nosso trabalho.
O Sapergs, por sua vez, foi o precursor da ALAP - Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade (1983); da Fenapro - Federação Nacional das Agências de Propaganda (1985); e do Conar - Conselho de Auto-regulamentação Publicitária.
Já o Festival de Publicidade de Gramado, especificamente, foi idealizado em 1975 ao lado de Hesíodo Andrade e José Daltro Franchini. Com sua primeira edição no ano seguinte, o festival descentralizou de São Paulo a hegemonia de referência nacional para a reciclagem de profissionais de publicidade. Criamos uma marca que projeta a atividade publicitária do sul do Brasil, beneficiando bianualmente a partir de 1979 a economia e o turismo riograndense: são dezenas, talvez centenas de profissionais da área que participam do Festival de Gramado e depois partem para viajar por Foz do Iguaçu, São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Santiago.
Em 1997, o tema do festival foi "Publicidade sem Fronteiras" e o objetivo da Alap era pressionar o governo Fernando Henrique Cardoso a isentar ou reduzir o valor do imposto de renda na fonte - cerca de 25% - sobre a veiculação de publicidade de produtos brasileiros no exterior. Esteve presente, como conferencista, o embaixador Sérgio Amaral, à época porta-voz do presidente Fernando Henrique, que ouviu o nosso pleito: no mês de agosto. O Senado promulgou a lei de isenção dos 25%. Foi também neste ano que tomamos conhecimento, através do conferencista francês Jacques Bille, vice-presidente da AACC - Associação de Agências e Conselho de Comunicação da França - da implementação do processo de Qualidade e Produtividade ISO 9001 nos serviços das agências (planejamento, criação, mídia, produção eletrônica e gráfica). Mais um evento surgiu: em outubro de 1998, aconteceu também em Gramado a 1ª Conferência Mundial de Qualidade e Produtividade em Propaganda - uma idéia que ainda vai longe!, com o apoio do empresário Jorge Gerdau Jonhannpeter, que concordou ser o "garoto propaganda" na TV para divulgar o evento.
O tempo passa, estamos em 2004 e surge um novo acontecimento: a Edição Extra, em Paris, do Festival de Gramado. Um desafio apoiado pela Embaixada do Brasil e pelo Governo do Estado do RS com o objetivo de divulgar a 15ª edição do festival, em 2005. Sucesso: mais de 1.000 peças e campanhas publicitárias em Jornais, Revistas, TV e Web inscritas e enviadas pela Internet e 80 jurados de onze países votando por on line.
Não paramos, porque vem aí o 1º Congresso Gaúcho de Agências de Publicidade, em Novo Hamburgo, com cinco temas que, na nossa opinião são de âmbito nacional. O melhor fórum seria o IV Congresso Brasileiro de Publicidade, que não tem jeito de sair - enquanto isso, teremos como linha mestra dos debates do encontro gaúcho as relações de ética no mercado.
O Congresso gaúcho acaba e logo depois temos mais agenda de trabalho: o Fórum Social de Comunicação, criado em 2003 e que ruma para sua terceira edição, paralelamente ao Fórum Social Mundial. Balizamos este fórum a pedido do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que em julho de 2002 solicitou à Alap que a entidade motivasse as agências da América Latina e do Caribe a promover a Valorização da Terceira Idade na Sociedade. O contexto não poderia ser melhor, ao lado do Fórum Social Mundial. E ainda descobrimos que as empresas tinham receio de divulgar suas marcas em campanhas de responsabilidade social por temerem estar se beneficiando da cidadania.
Talvez seja complicado discorrer sobre as implicações e efeitos destas ações. Mas o mais importante é ver que, em todas elas, a propaganda está em primeiro lugar. Sempre se pode fazer mais, com simplicidade, determinação e entusiasmo. A história está sempre recomeçando e cabe a nós construí-la, seja no Rio Grande do Sul, no Brasil ou no mundo.
* João Firme de Oliviera é secretário-geral da Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade (Alap).