Salimen Júnior, o animador-galã

Por Luiz Artur Ferraretto Uma das revelações do prêmio Melhores do Rádio, em 1955, José Salimen Júnior destaca-se, na segunda metade da década de …

Por Luiz Artur Ferraretto

Uma das revelações do prêmio Melhores do Rádio, em 1955, José Salimen Júnior destaca-se, na segunda metade da década de 50, como ator nas novelas da PRH-2, repetindo o sucesso já verificado no seu início de carreira em Pelotas.


É da Zona Sul do estado que chegam centenas de cartas, no ano seguinte, garantindo, em uma promoção da Farroupilha, a escolha dele como animador do programa Só para mulheres, nas tardes de domingo, em que divide a apresentação com Nelita Aguiar.


Em junho de 1957, sem deixar claro para o público, a direção da rádio vai preparando Salimen para substituir Maurício Sobrinho, "o homem do nariz inconfundível", animador das tardes de sábado que está por assumir a direção da concorrente Rádio Gaúcha. Assim, nas semanas anteriores à saída do futuro fundador da Rede Brasil Sul de Comunicação, Salimen Júnior apresenta pequenos quadros, faz intervenções e brinca com o auditório no Programa Maurício Sobrinho.


Na divulgação do Vesperal Farroupilha, a nova atração das tardes de sábado, na própria emissora e no Diário de Notícias, o radialista já se transforma no "animador-galã", como passa a ser identificado, aproveitando o sucesso junto ao público feminino e a indicação como melhor galã de 1956, empatado com Ernani Behs, conforme também o concurso da Revista TV.


Na estrutura, o Vesperal Farroupilha pouco difere do seu antecessor, o Programa Maurício Sobrinho, com a presença de cartazes do centro do país constituindo-se no principal momento do espetáculo oferecido aos ouvintes.


Atrações de auditório deste porte, no entanto, demandam, então, um investimento significativo, com os cachês pagos a alguns artistas podendo chegar ao equivalente a US$ 4,000.00 (quatro mil dólares). Daí, pode-se entender o retorno comercial e o impacto junto ao público destas apresentações em Porto Alegre, como recorda o próprio José Salimen Júnior:


- Na realidade, o fim de semana em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, era uma festa. A Farroupilha, comigo, fazia uma festa no sábado. No domingo, o Maurício na Gaúcha fazia outra festa. Então, o povo tinha certa esta alegria no fim de semana.


No caso do Vesperal, para garantir esta festa no Auditório Associado, a rotina de produção inclui reuniões entre o apresentador e o produtor Abel Gonçalves, além de contatos constantes com o diretor artístico Ruy Rezende, mantendo um planejamento mínimo de 15 dias de antecedência em relação, especialmente, aos artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo.


Por exemplo, quando o programa completa três anos, em meados de 1960, a PRH-2 organiza uma grande comemoração no ginásio do Grêmio Náutico União, com a presença, entre outros, de Agostinho dos Santos, Germano Mathias e Maysa, além da orquestra de Henrique Simonetti. Do cast da emissora, apresentam-se Pinguinho e Walter Broda.


Para fazer frente ao Vesperal Farroupilha, em 1961, a Gaúcha contrata o Programa Julio Rosemberg, também apresentado, em dias alternados, nas cidades de São Paulo e Curitiba. Natural de Pelotas e radicado na capital paulista desde o início dos anos 50, o radialista faz sucesso, então, abrindo espaço para novos valores musicais que surgem sob a influência do rock de origem anglo-americana.


De fato, Rosemberg, nos anos seguintes, vai se consagrar como um dos principais incentivadores da Jovem Guarda.


Como resposta, para reforçar a audiência em função do Programa Julio Rosemberg, a direção dos Diários e Emissoras Associados no Rio Grande do Sul decide pela transmissão do Vesperal Farroupilha em conjunto com a TV Piratini, estratégia bem-sucedida, uma vez que a Gaúcha ainda está montando o seu canal de televisão, inaugurado somente em dezembro de 1962. É Salimen, ainda, que, trocando de emissora, vai conduzir o último grande programa de auditório do estado:


- Quando eu me transferi para a Gaúcha, o Maurício não queria mais fazer o programa dele. Então, lançou o MS, "M" de Maurício e "S" de


Salimen, que começamos apresentando juntos. Aí, eu fiz um ano sozinho, de 1963 a 1964.


Em seus últimos tempos, o Programa MS, das 10 às 12h de domingo, ocupa um auditório de 500 lugares montado pela Rádio Gaúcha, em 1964, nos altos do Cinema Baltimore, na avenida Oswaldo Aranha. O espaço já evidencia a decadência deste tipo de atração no rádio do estado: acanhado, na comparação com o do Cinema Castelo, e simples em relação às antigas instalações do Edifício União.


Tempos depois, o "animador-galã" vai se tornar um dos principais publicitários do estado, além de conduzir o projeto de uma rede de televisão a partir da TV Difusora, de Porto Alegre. Na ativa até hoje, atua no Jornal do Comércio na capital gaúcha.

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