Tem malandro querendo regular profissional

Por Alessandro Rocha Fonseca* Neste período, de comemoração dos 50 anos de Chico Buarque de Holanda, passei a ouvi-lo com um pouco mais de …

Por Alessandro Rocha Fonseca*
Neste período, de comemoração dos 50 anos de Chico Buarque de Holanda, passei a ouvi-lo com um pouco mais de freqüência. Num desses momentos, enquanto lia o jornal, tendo suas músicas como pano de fundo, apercebi-me perplexo, de como o que lia encontrava resposta no que eu ouvia. Como alguns coleguinhas conseguiram tornar a "Homenagem ao Malandro", do cinqüentão Chico, algo tão pertinente aos seus disparates ideológicos? A notícia da criação do Conselho Federal de Jornalismo pode ter apresentado um paralelo com essa música. Mas o temor que se abateu sobre os profissionais da imprensa e sobre o próprio principio de Liberdade Imprensa não encontra semelhança na história de nenhuma democracia.
O trecho da música em questão, diz: "Agora já não é normal. O que dá de malandro regular, profissional. Malandro com aparato de malandro oficial. Malandro candidato a malandro federal". Que me desculpem João Alegre e os demais malandros da Lapa. Mas lendo sobre o apoio e empenho que alguns coleguinhas estavam dando à criação do Conselho Federal de Jornalismo, não tive dúvidas: o Chico tá certo! Tem malandro querendo regular profissional. E o que é pior. Em tempos da estrela vermelha no poder, querem regular com aparato de malandro federal. Foi pra isso que a esperança venceu o medo?
Sempre tive a impressão que se fossem postos três jornalistas em um debate, dificilmente haveria concordância entre dois deles. Quanto mais consenso entre eles. Mas esses coleguinhas conseguiram algo inusitado. Na presunção de "orientar", "disciplinar" e "fiscalizar", os autores do anteprojeto conseguiram agregar, no contraditório, os profissionais e o patronato. É preciso que sejam respeitados se não os princípios internacionais que regem a Liberdade de Imprensa, pelo menos a Carta Magna de 1988. Caros coleguinhas, que o verdadeiro malandro, inclusive o com aparato federal, se eternize na peça a "Ópera do Malandro" e não assim.
* Alessandro Rocha Fonseca é jornalista.
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