"Tá tendo Copa"

Entramos na semana decisiva da fase de grupos da Copa do Mundo. Copa? Oi? Onde? Muita gente ainda se pergunta isso. Alguns dizem que não fazem ideia do que está acontecendo. Depois de ter o Mundial tão perto da gente em 2014, parece que a gente não sabe mais o que é o clima de Copa. Tudo fica menor, mais afastado, criamos um certo distanciamento, me parece. Podemos culpar aquele 7 X 1 por isso? Acho que em parte, sim. Se bem que eu continuo grudada na TV, conferindo tudo porque afinal "tá tendo Copa" e, para quem gosta de futebol como eu, é um momento meio sagrado.

Tudo bem que não é a mesma forma que eu me dedicava lá em 1994, quando tinha 14 anos, a escola liberava nos jogos do Brasil, a gente se vestia da cabeça aos pés de verde, amarelo e azul e a casa estava toda decorada. Pelo que me lembro, assisti àquela final na casa de uma prima, todos sentados grudados no sofá e quando o Baggio mandou aquela bola para o alto, só sabia chorar. Alguns dias depois embarquei com mais um bando de adolescente para a Disney. Acho que brasileiros nunca foram tão bem tratados nos States como naquela época. Era divertido escutar o tempo inteiro "Brazilian? Congratulations for the World Cup!".

Lá em casa, sempre tivemos essa faceirice de acompanhar esportes e atletas brasileiros. E quando fui estudar fora claro que não abandonei isso. No primeiro ano de faculdade já enfrentei a Copa na França, de 1998, e não consigo esquecer do Galvão Bueno lendo a escalação e dizendo que era um absurdo o Edmundo ser colocado no lugar do Ronaldo. O Universo (ou o Zagallo) o escutou. Ronaldo jogou e a gente perdeu o título para os donos da casa. Em 2002, a gente acordava de madrugada para ver os jogos. Os primeiros aconteceram bem na época da minha formatura no começo de junho! Em seguida, voltei para ficar uns meses em Criciúma, antes de me mudar para o Rio Grande do Sul, e não faço ideia onde eu vi aquela final. Deve ter sido encolhida, enrolada nas cobertas, em casa mesmo. Dos Mundiais de 2006 e 2010, não lembro muita coisa. Só da vibração da Itália tetracampeã (o sangue chama, mas RIP Azzurra este ano), das vuvuzelas e de Waka Waka.

Nunca gostei de assistir a jogos decisivos, sejam da Seleção Brasileira ou do time de coração, com muitas pessoas por perto. Aquela coisa de todo mundo falando ao mesmo tempo, me deixa tensa. E vamos combinar que em Copa parece que em cada partida a gente está jogando a vida. Em 2014, só sai de casa para dar uma olhada em como estava o Caminho do Gol e a Fanfest quando tinha jogo aqui em Porto Alegre. De resto, fiquei bem quieta em casa, inclusive, no dia fatídico contra a Alemanha.

Neste ano, quase todos os jogos estou vendo do meu sofá. O home office ajuda muito nessas horas e o Twitter também, quando a gente tem reuniões nos horários de jogo. <3 Inventei de assistir o primeiro jogo do Brasil na casa de uma amiga com a minha gangue. Fiquei meio agoniada, mas como estávamos mais pela festa junina do que pela Copa, supervaleu. Mas no segundo, inventei de ir para o Bud Basement, ali no Cais Mauá. Gente, que aflição! Primeiro porque metade do povo que estava lá não estava nem aí para o jogo. Segundo, porque parecia mais um desfile de moda do que qualquer outra coisa. Terceiro, porque tu faz qualquer comentário sobre o jogo e meia dúzia de homens te olham com ar de "tá ficando louca" e "tu nem sabe o que tu estás dizendo". Mas isso é assunto para outro textão. No momento, só tenho a dizer que vou continuar quieta dentro de casa, sofrendo sozinha. Que venha o Hexa e o Neymar pare de cair! Quem sabe na final eu crie coragem para voltar para o furdunço. Ou não.

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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