Esses dias a Ana Paula Maia, autora de A guerra dos bastardos, edição da Língua Geral, disse no blog dela, Killing Travis: "Se os escritores brasileiros tiverem consciência sobre a literatura que produzem da mesma maneira que as novas dançarinas têm sobre as suas bundas? a literatura brasileira produzirá ao menos mais uns três Machados de Assis e uns dois Guimarães Rosas".

Peraí. Quer dizer que se eu pensar no romance que estou escrevendo como a Mulher Melancia pensa na bunda dela, posso me tornar Machado de Assis? Mas tudo o que a Mulher Melancia, ou outras frutigranjeiras de plantão, pensa é: mostro toda ou partes, na Sexy ou na Playboy?  Aí está a pinimba: como pensar no meu romance como uma mercadoria cobiçada me tornaria um escritor melhor, desses de fazer os críticos e leitores babarem como os marmanjos babam com o rebolado dessa moça?

Mais em frente a Ana Paula diz que não basta ter bunda, tem de saber usar. Até aí morreu o Neves, ao assistir um vídeo da Mulher Samambaia. Oquei, não basta escrever bons livros, tem de saber vendê-los - mas o combinado não era que essa parte ficava com o editor, que tem um departamento chamado Divulgação na editora? Estou sendo chato, sei. Como não levo jeito pra rebolar em praça pública - deve ser a idade, o ciático -, fico aqui resmungando.

Divino, maravilhoso

Deus escreve direito por linhas tortas. Eu também, desde que comecei a usar um processador de textos.

Deu no jornal

Em Minas, um vereador estacionou em frente a uma garagem. O dono reclamou, foi morto a tiros. Imagina se a disputa fosse por uma vaga na câmara. /// Maluf diz que vai usar na campanha imagens de sua prisão, algemado. Inspirador. /// Militares chiam: nada de processar os torturadores do tempo da ditadura. Como dizia o Barão de Itararé, anistia é o meio pelo qual os governos perdoam os próprios crimes. /// Em média, em dois anos, políticos aumentaram em 46% o patrimônio. Eu, em dois anos, em média, envelheci três. /// STF limita uso de algemas aos filmes americanos com censura até 18 anos. ///

Enjoado

Sou um cara enjoado com esse negócio de sentido. Fora a vida, com seus sentidos parciais e provisórios, muitas vezes malucos, eu quero tudo preto no branco.