Amalgamando

Tomei contato com a palavra amálgama quando fui ao dentista, nas primeiras vezes. O dentista se referia(naturalmente) a este termo com uma naturalidade que …

Tomei contato com a palavra amálgama quando fui ao dentista, nas primeiras vezes. O dentista se referia(naturalmente) a este termo com uma naturalidade que eu não tinha. Mas a partir de um determinando momento, também eu fiquei familiarizado. E não mais me esqueci desta palavra, passou a ocupar lugar de destaque na minha vida. Seja pelas idas ao dentista, seja porque eu a acho especial.
Amálgama, para começar, é sonora. Um som diferente, pronunciando de forma lenta ou rápida. Mas uma palavra com interrupções. Porém, o principal da palavra amálgama é que ela passou a representar, para mim, a matéria-prima no estado mais precoce.
Amálgama, no meu dicionário, é o barro de onde viemos. Nascemos, ou antes de nascermos, somos amálgama. Temos uma vida inteira pela frente para moldá-la. E o que molda são as nossas intervenções, os acontecimentos da vida, incluindo aí a participação de outras pessoas, as circunstâncias da vida, enfim, a longa - para alguns, nem tão longa - estrada da vida.
Talvez eu esteja pensativo porque perdi um amigo de forma precoce, com apenas 44 anos, recentemente. Não há como não ficarmos pensativos diante da morte, em especial quando ela acontece de forma antecipada.
Entendo que apesar de nosso amálgama ir progredindo em sua forma conforme avançamos na vida, ela não é obra finita jamais. Sua forma por aqui só é concluída no dia em que deixamos este plano.
O lindo, o assustador e o maravilhoso da vida é ir ver o amálgama de alguém tomando forma. Maravilha mesmo que os fatos não sejam agradáveis, que a vida de ninguém só tem fatos agradáveis. Mas é um dos grandes espetáculos da vida, quisera as pessoas parassem para observar.
A História do Dinheiro

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Recebi gentilmente da Cosac Naify, diretamente remetido pelo amigo João Perassolo, um exemplar do livro A História do Dinheiro, do Alan Pauls. E tem a ver com a minha coluna. Alan Pauls, um dos novos escritores argentinos, fez uma trilogia abordando a sociedade argentina, com os livros A História do Cabelo, a História do Pranto e agora o excelente (como os outros) A História do Dinheiro. Tem a ver com observação, com o olhar aguçado de quem tem uma pena afiada, escrevendo com intensidade. Sente-se a entrega do escritor em cada página.  Leitura maravilhosa, que eu recomendo para fazer parte do amálgama de qualquer um.
Além da escrita maravilhosa, reconheço que a Cosac Naify vem fazendo um trabalho primoroso: quer na escolha dos títulos que edita, na qualidade da escolha do papel, na diagramação primorosa e agradável, no cuidado na tradução, consegue surpreender a cada livro novo, mantendo a identidade da editora. Dá prazer e segurança comprar um livro da Cosac(como é chamada na intimidade).

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