Quando fui diretor de marketing do Grêmio o clube vivia um período extremamente delicado do ponto de vista financeiro. Não se podia gastar quase nada, em função de as receitas terem caído consideravelmente (a cota de TV, por exemplo, foi reduzida à metade; os associados não estavam pagando suas mensalidades em dia e a adesão de novos sócios ia muito devagar).
O desafio para o diretor de marketing era o de arrecadar e foi o que fiz. Saí para o mercado. Foram bons resultados comerciais, o que gerou um bom fluxo de caixa para o clube. Porém, junto com o aumento de arrecadação foi buscada a eficiência na administração dos recursos existentes. Não bastaria arrecadar mais, mas gastar de forma mais eficiente, com menos desperdício e mais acertadamente. Para tanto, foi contratada a empresa Quality Inn, dos amigos Claus e Jorge Süffert. Muitas reuniões, muita metodologia e muito controle para que os gastos fossem feitos de forma mais acertada e racional. Ou seja: arrecadar mais, sim. Mas gastar melhor.
Estou retomando esta situação para fazer um comparativo com a situação dos governos federal, estadual e municipal. Há uma política de aumento de arrecadação e até de corte de gastos. Porém, não vejo(eventualmente pode existir, mas se existe deveria ser melhor divulgada) uma política de gestão,  com a otimização dos gastos, fazendo(isto todos sabemos fazer nos nossos gastos diários) mais com o mesmo dinheiro. Parece-me que é isto o que está faltando. Não vamos falar apenas em arrecadar mais. Não vamos falar em corte de investimentos. Vamos falar em um aproveitamento maior do recurso arrecadado. Caso seja implementada esta política, talvez seja necessário arrecadar menos, pois o recurso arrecadado será melhor gerido, identificando gargalos, desperdícios e situações em que o dinheiro esteja escoando pelo ralo. Em tempos de crise, é preciso lançar de armas potentes.