Que país é esse?

Certas coisas são difíceis de entender e, para entendê-las, a lógica não é o melhor caminho. Enquanto alguns réus condenados no "mensalão" já até …

Certas coisas são difíceis de entender e, para entendê-las, a lógica não é o melhor caminho. Enquanto alguns réus condenados no "mensalão" já até cumpriram suas penas, um crime igual, precursor deste, ainda em julgamento (sic) - o "tucanato mineiro" não encontrou o seu devido "finalmente".
Talvez por isso mesmo os criminosos condenados no mensalão petista sejam aplaudidos pela parcela amoral e imbecil do PT. E o João Vaccari, tesoureiro do PT, preso por indiciamento no atual processo do Lava-Jato, na convenção do PT foi aplaudido - de pé - por 3 minutos. Na oportunidade, escrevi: "se você quiser ser aplaudido, entre para o PT e seja preso". Essa frase que poderia ser, apenas, uma piada de mau gosto, é um atestado de infâmia para quem suja as suas mãos enaltecendo o crime. O Brasil virou isso aí. O passado de um Adhemar de Barros ou de um Paulo Maluf passa a ser identificação como oportunidades devidamente apropriadas.
Confesso minha inveja do Japão que, há bem pouco, adotava o haraquiri, uma adaga autoenfiada no abdômen, como confissão de um crime financeiro cometido contra instituição pública ou privada. O harakiri saiu de cena, mas o pedido público de perdão japonês é um tiro na honra do incriminado, fato que na cultura nipônica vale como uma expulsão da sociedade, do convívio normal entre pessoas. A singularidade desse perdão público são os graus de curvatura da coluna vertebral. No pedido mais radical de perdão, o penitente fica muito próximo de beijar o chão.
Mudando de assunto, mesmo sem saber que país é esse, mas que o jornal britânico Financial Times diz que vem sendo comparado a "um filme de terror sem fim", registro que, na última sexta-feira, o Jornal Nacional terminou seu noticiário com uma matéria sobre a importância da Matemática. Na minha família, isso se chama "levar gatinho pra nadar." Saudades de Armando Nogueira e da Alice Maria que, durante anos, carregaram o Jornal Nacional só com notícias. Já ontem a editoria de Esportes do Globo anunciou uma maratona na orla carioca sem especificar trecho e a que horas.
Nos dois casos, senti-me, como telespectador e como leitor, igual ao Lula: "Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim. E olha que o PT ainda é o melhor partido. Estamos perdendo para nós mesmos" - disse Lula.
Mas quem me explicou mais ou menos que país é esse e eu entendi mais ou menos foi o vacinado político e atual vice-governador do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles: "Pela primeira vez a única coisa impossível é prever o que é possível. As coisas estão movediças, mudam a qualquer hora. É difícil fazer uma avaliação sólida".
Inté.
P.S. Os Correios, no Rio, estão tão péssimos que não podem nem piorar: se piorar, acabam.

Autor
Mario de Almeida é jornalista, publicitário e escritor.

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