Uma nova tendência de consumo em formação

Há uma junção de fatores que está alterando os hábitos de consumo e impactando na decisão de compra, na reavaliação da importância e da …

Há uma junção de fatores que está alterando os hábitos de consumo e impactando na decisão de compra, na reavaliação da importância e da utilidade de produtos e serviços. Esta junção de fatores que altera o comportamento do consumidor tem suas bases:


  1. nas tecnologias/ relação do consumidor com a web e mídias sociais que estimula o desejo de "ter" ou "fazer" e onde o "viver é publicar";

  2. na cultura da individuação da vida cotidiana (comportamento singular e egocêntrico);

  3. na crise econômica, diminuição do poder de compra, grau de endividamento e receio com o desemprego;

  4. na crise política e na diminuição da confiança nas instituições.


A comunhão destes fatores se deflagra pós um período de pujança econômica em que o consumidor estava acostumado com a estabilidade econômica, aumento do poder de compra, com oportunidades de emprego, programas sociais variados e crescentes e acesso a viagens e lazer.
O temor do consumidor passa a ser realidade, com a redução generalizada do seu poder de compra resultante do aumento de preços, especialmente, dentro da nova classe média. E o maior receio é que esta diminuição do poder de compra esteja acompanhada do aumento do desemprego.
As pesquisas realizadas pelo o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião tem monitorado a readaptação da população consumidora e os novos hábitos de consumo que privilegiam:

  1. elaboração de lista de compras;

  2. corte dos itens supérfluos da lista;

  3. substituição por marcas alternativas;

  4. diminuição da quantidade consumida (como as carnes);

  5. mudança nos hábitos festivos ou de integração social, com corte das refeições fora de casa.


Estas práticas diminuem o consumo por impulso, freando a decisão emocional, passando a estimular o comportamento racional na decisão de grupo (relação custo X benefício). Este novo comportamento que se desenha de forma crescente no país trava o desenvolvimento e mantém a circulação da economia de cada localidade em patamares limitados, criando o seguinte dilema: o consumidor não compra por não ter dinheiro e não há mais dinheiro porque o consumidor não compra.
Este ciclo vicioso deve ser observado com um olhar distinto pelos gestores públicos e privados e, em especial, pelos profissionais de marketing e comunicação que precisam revisitar desde a semântica, passando pelo mix de produtos ofertados e revendo até a forma de relacionamento com o cliente. Novos momentos exigem novas ações e soluções, não será possível "fazer mais do mesmo".
É uma nova tendência de consumo, o consumidor continuará comprando, mas sua decisão será menos impulsiva, mais racional e seletiva, de acordo com as suas necessidades.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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