Conselhos de mãe que fazem uma falta enorme

Levante a mão quem nunca ouviu, debaixo de um sol escaldante, ao sair de casa vestindo um mínimo de roupas, um grito de mãe …

Levante a mão quem nunca ouviu, debaixo de um sol escaldante, ao sair de casa vestindo um mínimo de roupas, um grito de mãe aconselhando ou até quase implorando: "leve um casquinho porque vai esfriar mais tarde". E como intuição de mãe dificilmente está errada, é bem provável que neste dia, apesar de todas as improbabilidades, a temperatura deve ter mudado e o agasalho foi necessário. Admita quantas vezes você não saiu de casa de má vontade depois de ser obrigado pela sua mãe a levar um guarda-chuva ou sombrinha, para enfrentar a tempestade que chegaria mais tarde e que só a sua progenitora premonizava desde cedo.
Não adianta fugir. Não tem como negar. Aqui no ou no Hemisfério Norte. Do Oiapoque ao Chuí. Ou lá nas Conchinchinas. Em todo o lugar, conselho ou frase de mãe para os seus filhos é sempre igual. Independentemente da idade do rebento. E não tem a ver também com o tipo de mãe. As mães mandonas, jovens, amigas, corujas, saudáveis, distraídas, da pesada ou supermães. Todas elas costumam repetir os mesmos ensinamentos. Parece um mantra que elas aprenderam em algum manual. Só que não.
Mãe nasce com um poder mediúnico que só entra em ação na hora de repassar conselhos aos filhos. E é bom escutá-los porque, em 99% das vezes, elas tinham a mais absoluta razão. O ruim é que os filhos só costumam entender e compreender a sabedoria materna muito tarde. No caso da filha mulher, é comum que ela passe a entender quando começar a viver a maternidade. E aí, a confirmação acertada de mais uma sentença de mãe: "quando você for mãe, vai entender".
Por isso, não desdenhe dos ensinamentos maternos porque eles têm fundamento. Quando a mãe diz, em pleno mês de maio de 2016, para você não aceitar carona de estranhos, ela tem razão. Não pense que sua mãezinha é uma careta. Quando ela brada, na sua saída para uma festa, para você não aceitar bebida de estranhos ou não beber no copo de desconhecidos, não pense que ela é desconfiada demais. As notícias de moças entorpecidas com o golpe do "Boa Noite Cinderela" ou assemelhados estão sempre nas manchetes de jornais.
Poderia enumerar aqui na coluna muitos e muitos conselhos ou frases maternas. Com as suas pequenas variações. "Se eu for aí e achar, tu vai ver só?", "Fala direito comigo! Eu não sou teus amigos", "Aprenda enquanto eu tô viva! Quando eu morrer vocês vão me dar valor", "Isso não é um quarto! Isso é um chiqueiro!", "Não sei o que seria dessa casa sem mim", "Só não esquece da cabeça porque tá grudada no pescoço". E mais uma centena de afirmações que as mães costumam dizer aos seus rebentos e rebentas. E que nem sempre são bem aceitas pelos filhos.
Mas nesta semana em que se comemora o Dia das Mães, como mãe, que mesmo moderna, volta e meia, deixa escapar para a sua filha, já com 21 anos, alguns destas frases que por diversas vezes, odiei quando ouvia a mamis Mirthô dizer, só tenho hoje um conselho a todos. Aproveitem ao máximo todos os momentos vividos com as mães. Acarinhem ao máximo suas mães. Façam dos segundos passados ao lado delas o caminho da eternidade. Porque quando elas não estão mais com a gente, a falta do abraço, do beijo, da voz, do conselho é enorme. Nunca termina. Só cresce com o tempo. Mãe devia ser eterna.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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