Eleição é ganha na urna

Semana complicada e triste para os mais de 54 milhões de brasileiros que escolheram Dilma Rousseff para presidente do Brasil em segundo turno, no …

Semana complicada e triste para os mais de 54 milhões de brasileiros que escolheram Dilma Rousseff para presidente do Brasil em segundo turno, no pleito de 26 de outubro de 2014. Eleitores nos quais eu me incluo, com muito orgulho. Voto que repetiria quantas vezes fosse necessário. Uma quarta-feira comprida e tenebrosa com a abertura, cedinho da manhã, da sessão no Senado que analisa a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma. Um período de 180 dias arrastado e interminável que começará com o afastamento de Dilma, para o julgamento do impeachment, caso o Senado aprove o início do processo.
Cenário de desesperança para os milhões de brasileiros beneficiados com o Bolsa Família, o ProUni, o Pronatec, o Fies e tantas outras medidas de inclusão social, de distribuição de renda e de acesso à educação adotadas nos governos do ex-presidente Lula e da Dilma Rousseff. Retrato de desilusão para os milhões de brasileiros que ainda carregam a crença de que eleição é ganha no voto, pela suprema e respeitável decisão da maioria.
Mas estes mais de 54 milhões de brasileiros que escolheram, no voto, a presidente Dilma para governar o País sabem que seu mandato terminará só no dia 31 de dezembro de 2018. Como a própria Dilma afirmou na abertura da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília, na última terça-feira. "Eu não estou cansada de lutar, estou cansada dos desleais e dos traidores. Mas esse cansaço impulsiona a mim a lutar ainda mais", disse, ao reiterar que não existe a hipótese de que renunciar e assegurou que tal ideia nunca lhe passou pela cabeça.
Portanto, não vai ter luta. Já existe luta. Portanto, não vai ter golpe. Já teve o golpe. Porque eleição não é ganha no tapetão. Porque eleição não é ganha nas conversas de corredores e nos conchavos. Porque eleição não é ganha nas sessões da Câmara e do Senado com parlamentares mostrando que nunca deveriam ter sido eleitos pela total falta de competência política. Porque eleição não é ganha nos gabinetes de Brasília inchados com cargos políticos para agradar A e B.
Para os milhões de brasileiros filhos das Marias, Inácios, Josés e Antônios que conseguiram, pela primeira vez na sua vida, frequentar uma universidade e ostentar um diploma, eleição é ganha na urna. Para os milhões de brasileiros das famílias dos Silva, dos Souza, dos Pereira e dos Martins que conseguiram, pela primeira vez em muitos anos, uma significativa complementação de renda para permitir colocar um prato de comida na mesa com o Bolsa Família, eleição é ganha na urna. Para os milhões de brasileiros que colocaram o pé, pela primeira vez na sua vida, em uma casa moradia própria, graças ao programa Minha Casa, Minha Vida, eleição é ganha na urna. O resto é manobra política desleal e sem ética para reverter um processo eleitoral.
 

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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