O que o eleitor espera do próximo Prefeito!

Neste primeiro quadrimestre de 2016, o IPO ? Instituto Pesquisas de Opinião realizou entrevistas em muitas cidades do RS, questionando a população sobre "as …

Neste primeiro quadrimestre de 2016, o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião realizou entrevistas em muitas cidades do RS, questionando a população sobre "as características do próximo Prefeito".
Na atual conjuntura do país e com a aproximação do pleito, esta pergunta é uma das chaves para um enigma: como será o comportamento do eleitor pós operação Lava Jato???
A expectativa do eleitor está ampliada e o descrédito acentuado, e essa combinação traz à tona novos fatores de decisão eleitoral:
O eleitor se tornou mais crítico, mas não necessariamente mais consciente politicamente. Do ponto de vista prático, significa dizer que o eleitor crítico reclama mais, avalia os governos de forma mais negativa e confia menos e se isenta do interesse pela política, de buscar informação sobre os governos ou candidato, quer distância do processo eleitoral, e deve decidir no tempo da política, quando as campanhas se encaminham para a sua finalização, ou seja, nos últimos 15 dias do processo eleitoral.
Os eleitores afirmam que irão observar os seguintes atributos nos candidatos a prefeito:
- Honestidade: Elemento sempre essencial na decisão de voto. Os eleitores afirmam que a honestidade deveria ser por essência uma característica obrigatória. Com a ampliação das denúncias de corrupção, essa característica amplia-se e será monitorada observando a ficha limpa do passado dos candidatos, incluindo sua capacidade de cumprir o prometido.
- Pulso firme: A reativação da cultura política personalista tem sido uma estratégia de sobrevivência dos eleitores, que acreditam que optando pela pessoa do candidato deverão primar pelo político com capacidade de mando, de gerenciamento, que "saiba administrar" e zele pelo bem público e pela execução dos serviços, "faça o que precisa ser feito".
- Plano de governo factível: Os eleitores almejam candidatos que tenham foco e primem pelas demandas essenciais em relação aos serviços públicos. A prerrogativa é para fazer funcionar os serviços públicos que não funcionam. O eleitor não quer a promessa de novo posto de saúde, enquanto os postos de saúde existentes não funcionem.
- Moralidade pública: Esta característica nasce pós operação Lava Jato. Os eleitores exauridos com as promessas não cumpridas e com os escândalos de corrupção rompem com o conceito da ética e se tornam adeptos do conceito da moral. Como a premissa é pela ampliação do personalismo político, o rompimento com o conceito da ética resulta na negação das instituições. O eleitor acredita na pessoa do candidato e pressupõe que a aproximação com o mesmo pode gerar a retomada do "fio-de-bigode".
Na busca do candidato ideal que não seja corrupto e trabalhe em prol do bem comum, o eleitor fragilizado e temeroso corre o risco de embarcar em discursos messiânicos e destinar o seu voto em um "salvador da pátria".

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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