A influência do horário eleitoral, dos debates e das propostas

O "tempo da política" chegou com as campanhas eleitorais e os eleitores passam a debater e avaliar as candidaturas. É o momento em que …

O "tempo da política" chegou com as campanhas eleitorais e os eleitores passam a debater e avaliar as candidaturas. É o momento em que os cientistas do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião monitoram o comportamento e a tendência eleitoral, em especial, em uma eleição marcada pela "negação da política".
A "negação da política" atinge o modus operandi das campanhas, destituindo a credibilidade de muitas práticas tradicionais dos especialistas em campanhas. Isto não significa dizer que os eleitores vão decidir o voto em função da plataforma on-line, o voto não será decidido pelas redes sociais!
As pesquisas indicam que, em média, o horário eleitoral gratuito tende a ser importante fator de decisão para autodeclarados 20% dos eleitores. Os debates interessam para 30% dos eleitores. Já as propostas, estas sim, interessam para 40% da população. Os eleitores que estão satisfeitos com a gestão de seu Prefeito, tendem a dar um voto para a continuidade e os que não estão satisfeitos irão avaliar as demais ofertas do mercado eleitoral. E na existência de melhores alternativas na oposição, a punição da negação do voto para a situação será inevitável.
Mas como os eleitores farão esta avaliação? Quais serão os mecanismos de comunicação utilizados?
Os testes indicam que os eleitores que gostam de política tendem a acompanhar o horário eleitoral, os debates e as propostas. Ao contrário, os que não gostam de política, tendem a se manter distantes do "barulho" feito pelos candidatos, cerca de 60% dos eleitores.
Com o acirramento da descrença e com a "negação da política" o processo de decisão do voto retoma as origens da sociabilidade, da rede de relação social. E as redes sociais facilitam a sociabilidade das relações sociais. Do ponto de vista prático, quem se informa irá informar quem não se informa. Quem gosta de política irá motivar quem não gosta. Quem tem interesse irá estimular quem não tem e assim por diante. Ou seja, a eleição retomará o "boca-a-boca" e troca de ideias entre as pessoas.
Como a população precisa escolher um candidato, mesmo não acreditando nos políticos, buscará o candidato que tenha propostas que sejam factíveis e exequíveis. O debate propositivo interessa muito ao eleitor e os ataques políticos desprovidos de um benefício social servirão como uma bússola para o eleitor saber em quem não deve votar! Em média, 70% dos eleitores esperam que os candidatos não gastem tempo com ataques políticos, por um simples motivo: devem mostrar que entendem os anseios da população e possuem solução para minimizar mazelas históricas.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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