A crise que começa na política, perpassa a economia e atinge toda a sociedade

O resultado das eleições 2016 mostraram altos índices de alienação eleitoral (votos brancos, nulos e abstenções), resultante da crescente descrença da população em relação …

O resultado das eleições 2016 mostraram altos índices de alienação eleitoral (votos brancos, nulos e abstenções), resultante da crescente descrença da população em relação aos partidos e aos políticos. Indicadores monitorados pelos cientistas do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião identificaram que a população tem mais confiança nos empresários gaúchos (38%), do que nos três poderes governamentais constituídos (executivo, legislativo e judiciário estadual).
Cabe salientar que esta descrença e este ceticismo é permissivo à sociedade e tem atingido todas as instituições sociais, incluindo o mercado consumidor. Quanto menor a crença nas instituições, menor a confiança na organização social constituída e maior é o nível de individualismo.
Esse individualismo dificulta e diminui o sentimento de solidariedade e a capacidade de integração, tendo como consequência, a limitação do desenvolvimento social, intelectual e econômico. É, por essência, um individualismo pragmático.
Elis 18-10-16
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nas entidades de classe, sindicados e associações o pragmatismo individualista limita a renovação das lideranças e a defesa de bandeiras tornando-se uma barreira para o alcance de novos propósitos.
Na educação, é notória a dificuldade dos professores em trabalhar com a indisciplina dos alunos. Jovens munidos da tecnologia, com a conivência dos pais, partem do pressuposto que estão no mundo para serem servidos e que o conhecimento está disponível para os nativos digitais.
No mundo do trabalho, o individualismo ultrapassa a relação entre patrões e empregados, potencializando uma disputa natural entre os profissionais comprometidos e os displicentes.
Assim como o eleitor, o consumidor quer uma relação de mais transparência, uma busca por qualidade e preço justo. O consumo e a relação com as marcas também são atingidos por este pragmatismo. O consumidor cada vez mais desconfiado, quer o melhor custo X benefício.
Os dilemas da família podem ser medidos por diferentes métricas, em especial, as que perpassam o aumento dos índices de depressão e estresse até a ampliação do número de pessoas que optam por um espaço só seu.
A ampliação do individualismo prejudica cada uma das instituições sociais e fragiliza a sociedade como um todo. A vida do homem em sociedade pressupõe a união em torno da segurança, da educação, do desenvolvimento e do aprimoramento coletivo. A união pressupõe integração em torno de elementos comuns de identidade, um sentimento de comunidade que seja compartilhado. Temos que revistar este princípio, sob pena de perdê-lo!

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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