Como ser um bom Prefeito

Por Elis Radmann

O conceito de "bom prefeito" está associado à satisfação dos munícipes, ao indicador de avaliação positiva (em que o bom Prefeito alcança mais de 50% de avaliações ótimas ou boas). 

Se a finalidade de um Prefeito é gerir o bem comum, então a satisfação da população deve reconhecer que o Prefeito trabalha pelo bem comum. Agora, se conceituar o bom Prefeito é complexo, significa que o bem comum é ainda mais subjetivo.

Ao longo de quase três décadas coordenando estudos de avaliação de gestão pública à frente do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião, desenvolvemos um método utilizando os três pilares basilares da ciência: a) descrição, b) regularidade e c) estabelecimento de leis e teorias. 

A opinião pública reconhece que tem um "bom Prefeito" quando ele atua de forma integrada, no que os cientistas do IPO classificam como o "tripé de gestão". 

O "tripé de gestão" é composto por três macro áreas de atuação que devem ter uma visão holística do Prefeito. O bom Prefeito não é aquele que faz mais obras, que trabalha mais no seu gabinete ou que gasta muito em comunicação. 

O "bom Prefeito" é o "bom pai", neste caso, "o pai da cidade". Não instigo a analogia com paternalismo clássico da política brasileira (por mais que este princípio esteja na veia da cultura política da sociedade e nutra essa premissa). A analogia dessa reflexão "de pai da cidade" está associada a três lógicas de senso comum que compõem o tripé de gestão, a maneira como o eleitor olha para o seu governante:

a) Capacidade de liderança: ocorre quando o Prefeito está presente, próximo da comunidade. Há o reconhecimento de que o Prefeito indica o rumo, sabe o que está sendo feito. Seu secretariado demonstra segurança técnica e política e os CCs estão empenhados em trabalhar pelo bem da cidade.

b) Entregas, prestação de serviço: em que o "bom prefeito" atua para ampliar a entrega dos serviços e torná-los cada vez mais eficientes. Quando os recursos são escassos, um "bom Prefeito" deve ter a capacidade de estimular e motivar seus secretários a fazerem "mais com menos". Significa dizer que as ações devem ser realizadas de forma racional para otimizar resultados, mas com "capricho e carinho" para acolher a população da forma mais adequada. 

c) E por último, a capacidade de comunicação: a comunicação integra o tripé de forma efetiva. É na comunicação que o "bom Prefeito" consegue demonstrar o rumo de suas ações, de sua gestão e, principalmente, consegue integrar a sociedade em projetos ou programas de governo. Há Prefeitos que até conseguem implementar novas lógicas comportamentais como, por exemplo, a resposta da sociedade a programas de educação ambiental que primam por reduzir o descarte de lixo em espaços públicos ou a adesão voluntária no combate à dengue.

Sistematizar a expectativa da população é fácil, governar é difícil. Para alguns Prefeitos, cuidar do tripé de gestão esbarra na sua incapacidade de administrar os conflitos internos dos partidos que compõem o seu governo e que interferem diretamente na eficiência de sua gestão. Nestes casos, o debate não é sobre o conceito de "bom Prefeito", mas sim, de "bom político".

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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