"Moço, não se esqueça que o negro também construiu as riquezas do nosso Brasil". O verso é do belo samba da Estação Primeira de Mangueira de 1988, "100 Anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão", já cobrava reconhecimento à história e aos feitos negros no país.

Passados 36 anos, a situação não mudou muito nesse sentido. Tanto que a lei 10639/03, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, incluindo no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da presença da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Africana", é pouco cumprida. 

De acordo com pesquisa realizada pelo Geledés - Instituto da Mulher Negra e pelo Instituto Alana, apenas 8% das secretarias municipais de educação do país têm orçamento para ensino sobre relações étnico-raciais. Mostrou ainda que somente cinco por cento dos municípios implementaram uma área técnica dedicada a essa agenda educacional. 

Na contramão desta realidade, de quinta-feira a sábado desta semana, será realizado no Cine Capitólio, em Porto Alegre, o 4º Seminário de Educação e Cinema: Cinema Negro na Escola, numa iniciativa do Programa de Educação Audiovisual, em parceria com a Faculdade de Educação da UFRGS, com a Secretaria Municipal de Cultura e com a Cinemateca Capitólio. 

Segundo os organizadores, o objetivo é proporcionar um espaço para a difusão, discussão e valorização do cinema negro brasileiro, compartilhando práticas, vivências e reflexões sobre práticas antirracistas no ambiente escolar por meio da sétima arte. A programação será totalmente gratuita.