IN FORMA

Por Marino Boeira

As novas escolhas de Sofia

Na vida das pessoas e dos países há momentos em que uma simples decisão, ao escolher um dos caminhos que estão à frente, é capaz de mudar todo o futuro.

É uma oportunidade única - uma verdadeira "Escolha de Sofia" - que depois de feita não tem mais volta. Sob o ponto de vista pessoal, a minha grande oportunidade perdida, para o bem ou para o mal, foi não ter entrado na luta armada contra a ditadura, o que muito dos meus amigos fizeram, quando a ditadura militar fechara todas as portas para uma participação política.

Claro que existiram algumas opções pessoais equivocadas sob o ponto de vista profissional, como ter ficado 30 anos como professor de uma universidade privada, quando podia ter tentado uma pública ou gasto muito dinheiro em viagens pelo mundo inteiro em vez de investir em algo mais sólido. Mas, mesmo assim, nesse último caso, se pudesse voltar atrás, possivelmente faria o mesmo.

Os países também têm esses momentos onde uma escolha errada pode adiar para sempre, ou pelo menos por muito tempo, a chegada a um lugar muito mais alto.

Eu vivi dois desses momentos: em 1961 e 1964. Em 1961, uma inesperada correlação de forças militares, nos colocou à beira de uma revolução popular que poderia ter levado o Brasil à condição de uma grande potência mundial.

Em agosto de 61, a vitória final com o Movimento pela Legalidade, comandado por Brizola, foi frustrada pela conciliação proposta por Tancredo Neves e aceita por João Goulart. Em 13 março de 64 foi a vez de Jango propor, no comício da Central do Brasil, a luta pelas Reformas de Base, mas então as forças adversárias já eram mais fortes.

Hoje, em abril de 2024 já não me tenta desvendar novos caminhos de vida, mas o Brasil sim, tem pela sua frente dois bem diferentes: um o da continuidade como nação de economia dependente, governada por uma classe política comprometida com o atraso e outro, da revolução social comprometida com o futuro de uma pátria forte e livre.

A continuidade política, social e econômica do Brasil tem duas opções de caminho, as duas levando ao mesmo fim: a nação subdesenvolvida e serviçal do imperialismo norte-americano.

Elas são representadas por dois modelos políticos, aparentemente antagônicos, mas que lutam em busca do mesmo fim, o Lulismo e o Bolsonarismo.

Com práticas políticas partidárias diferentes, no fundamental, tanto um como outro, cumprem as mesmas regras que a matriz reserva para suas filiais, tanto na política interna como externa: controle cambial para garantir o lucro dos banqueiros, créditos subsidiados para a agricultura exportadora, políticas assistencialistas para os mais pobres, isso no plano interno e um alinhamento total aos Estados Unidos, no plano externo.

Como única alternativa diante do fracasso do Lulismo e do Bolsonarismo, começa a se destacar a luta pela Revolução Brasileira.

E é a ela que pretendo dedicar os anos que me restam de vida.

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