Marketing preto e cor-de-rosa

      Nós, seres humanos, somos gregários ou individualistas, dependendo da ocasião. Às vezes, queremos mais é reunir os amigos, fazer um churrasco e bater muito …

      Nós, seres humanos, somos gregários ou individualistas, dependendo da ocasião. Às vezes, queremos mais é reunir os amigos, fazer um churrasco e bater muito papo. Em outras vezes, queremos ficar sós em nosso canto, para pensar. Assim é a vida e - como não poderia deixar de ser - assim é a vida das empresas. Ora fazem marketing e propaganda de massa. Em outras ocasiões, querem se comunicar e oferecer seus produtos a segmentos específicos.
      Com a evolução tecnológica do CRM, estamos cada vez mais em condições de falar com segmentos específicos ou mesmo segmentar os consumidores de diferentes formas, não possíveis sem os recursos de que dispomos hoje.
      Falo hoje em marketing preto e cor-de-rosa (este, já abordei há muitas colunas atrás), dois segmentos nem tão pequenos assim, mas ainda (no Brasil) tratados de forma superficial.
      Sobre o mercado de consumidores negros, alguns dados são impressionantes: no Brasil, temos 170 milhões de habitantes; destes, 76,5 milhões são negros e pardos(!). E, apesar disto, temos poucos produtos voltados para este mercado. Nossa publicidade, como diz Hélio Santos (à frente de diversos movimentos de valorização da raça negra no Brasil), em entrevista à revista Marketing, é "genérica ou escandinava", destoando da realidade brasileira. E ele vai além: os negros aumentaram e muito sua consciência. Assim, ele destaca que já é feita pelos consumidores negros uma "seleção de marcas", dando preferência àquelas que os respeitem, desprezando aquelas que não conseguem enxergá-los (consumidores negros).
      Na mesma edição da revista Marketing, Francisco Alberto Madia de Souza destaca o "gay market". Conforme ele - e segundo o Gay Financial Network, dos EUA - os consumidores homossexuais americanos investem e consomem o equivalente a meio trilhão de dólares/ano, ou seja, a metade do PIB brasileiro (!). Ainda segundo ele, o Motel Le Baron, no Rio de Janeiro, foi pioneiro em iniciativas semelhantes no Brasil, ao inaugurar duas grandes suítes para gays. Já a agência de turismo Álibi, especializada no público gay e que trabalha em conexão com 200 agências de todo o país, faturou mais de R$ 3 milhões no ano passado. Finalizando, o público consumidor gay é altamente qualificado. Conforme a revista G Magazine, entre seus leitores, 48% têm nível superior e 39% pertencem às classes A e B e têm uma renda média mensal de R$ 2 mil reais.
      Como se vê, são dois segmentos muito atraentes e grandes inclusive em número de consumidores. O que há em comum é que, aquelas empresas que entenderem que este público é diferenciado e merece uma atenção especial, terão um diferencial competitivo fortíssimo. Fala-se muito em segmentação de mercados, atender a nichos específicos, etc e tal. Resta saber quais empresas tomarão a dianteira e colocarão em prática as teorias de marketing.
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