O consumidor sonha com o dinheiro e gasta com o cartão

O mundo virtual disputa cada vez mais espaço com o mundo real, ao ponto de que a Bitcoin (moeda digital que só existe na rede de computadores) já é aceita como meio de pagamento em alguns países e está sendo utilizada para comprar imóveis no Brasil. No mundo, já há vários bilionários de Bitcoins e a moeda digital valorizou 900% em 2017.

Mas o dinheiro de papel ainda ocupa o imaginário da população, mesmo que uma parcela considerável das transações comerciais seja realizada por meio digital, através do cartão. E quando se utiliza o cartão de crédito, há casos em que o consumidor conta com um dinheiro que não tem, ao menos naquele momento da compra.

Em pesquisas realizadas pelo IPO - Instituto Pesquisas de Opinião sobre modalidades de pagamento, verificou-se que o cartão já é utilizado pela maioria da população, inclusive entre a de menor renda.

O cartão de crédito/débito confere ao consumidor um empoderamento tangível: se houver uma necessidade é só sacar o cartão do bolso. E se não tiver dinheiro na conta, é só parcelar.

A escolha da modalidade de pagamento (débito ou crédito) depende da condição financeira do período e da motivação do momento da compra. Se o cliente tiver uma demanda ou for estimulado a consumir e estiver sem saldo, utilizará o crédito.

De uma forma geral, a pesquisa indicou que o consumidor utiliza o cartão oscilando entre os sentimentos racionais e emocionais, associados a uma conjuntura ou estímulo.

A decisão de compra racional avalia os recursos disponíveis, a capacidade econômica e até mesmo o nível de comprometimento da renda familiar. Este tipo de consumidor avalia:

  1. valor do bem a ser adquirido;
  2. o saldo disponível ou as condições financeiras no período da compra;
  3. o limite do cartão.

Os consumidores que compram motivados por estímulos conjunturais (pela emoção) são motivados pela influência da sociedade (modismos, pressão social, consumismo) ou por movimentos do mercado (promoções, descontos, marketing, etc).

O cartão tende a ocupar um espaço cada vez maior nas transações comerciais, até mesmo pelo seu papel simbólico: o consumidor se sente mais seguro 'andando com o cartão do que com o dinheiro'.

Para o consumidor o cartão é uma 'moeda' que pode ser utilizada de várias formas e lhe confere o poder de avaliar a melhor opção dentro do orçamento doméstico... pelo menos enquanto o Bitcoin não se populariza!

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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