O vagão

Li que, no Rio de Janeiro, a governadora Rosinha Garotinho determinou que um vagão do metrô seja destinado somente às mulheres. Fez isto por …

Li que, no Rio de Janeiro, a governadora Rosinha Garotinho determinou que um vagão do metrô seja destinado somente às mulheres. Fez isto por ser mulher, claro (embora não ande de metrô) e porque - principalmente - alguns homens se aproveitavam da lotação dos vagões do metrô para abusar das mulheres.


Todo mundo que pega ou já pegou trem ou ônibus lotados sabe que é praticamente impossível que não se respire na nuca da pessoa que está na frente. O limite de lotação dos metrôs e ônibus deveria ser mais rigoroso. Na realidade, quem determina o limite é o passageiro. Se der, ele entra. Deveria ser o motorista quem determina, a partir de uma contagem.


Independentemente do rumo que esta iniciativa vai tomar (se vai ser implementada em outros estados, se vai morrer na largada), achei muito interessante este fato. Estamos no mundo evoluído, alta tecnologia, biotecnologia, TI, e nos deparamos com um problema gerado por um dos aspectos mais primitivos do homem: o sexo.


Os homens do metrô do Rio não conseguem conter seus impulsos. Passam por cima do mínimo de civilidade necessária para conviver em sociedade, que é respeitar o próximo. Ou, no caso, a próxima.


Já tratei deste tema aqui. E ele segue chamando atenção (ao menos a minha): o mundo evolui, evolui, evolui. O ser humano, nem tanto, limitado que é pela sua capacidade de compreensão e por seus instintos.


Outro exemplo: temos instantaneamente acesso à informação de qualquer parte do planeta, ao alcance do clique do mouse ou do celular. Porém, o que não temos é capacidade para processar toda esta informação. O nosso cérebro não evoluiu como os processadores dos computadores. Sim, há estudos que indicam que usamos um baixíssimo percentual da capacidade de nosso cérebro. Mas o fato é que seguimos usando esta pequena parte e não conseguimos acompanhar a evolução da informática.


Vivemos, portanto, um paradoxo: questões humanas (instinto nem é tão humano assim, mas vá lá) x progresso. O resultado deste paradoxo deve ser sempre positivo, ora as questões humanas se sobressaindo, ora sendo o progresso. O acerto está, como sempre, no equilíbrio.

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