Um convite para olhar para a natureza

No final da semana passada, eu tive a oportunidade de participar da 13ª edição do Festival de Interatividade e Comunicação, aqui em Porto Alegre. Entre palestras e experiências, foram dois dias com muito conhecimento compartilhado e vários insights, que me fizeram sair de lá intrigada com muita coisa. Entre elas, a fala do designer Fred Gelli, da Tátil, criativo responsável pelos símbolos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que trouxe como tema "A Inteligência Artificial Mimetizando a Inteligência Natural".

Parece um pouco fora de contexto, uma jornalista e estudante de Relações Públicas falar sobre Design, mas juro para vocês que as reflexões irão fazer algum sentido (ou não). Gelli começou enfatizando que o que ele faz é design de ideias e criação de conexões, buscando sempre a relevância naquilo que faz, pois, no meio da overdose de estímulos que a gente tem hoje, é imprescindível entender o que cria engajamento nas pessoas para poder conduzi-las a um novo comportamento.

E apesar de citar algumas ferramentas de Inteligência Artificial (IA), o que mais chamou a atenção em sua fala - e no trabalho que desenvolve - foi a aproximação com a natureza. De como olhar para o que é natural pode trazer mil e um insights não só para o design, como também para o marketing e a comunicação, e, porque não, para a vida. Gelli mostrou os estudos que faz sobre embalagens olhando para as frutas, por exemplo. O próprio símbolo das Olímpiadas foi inspirado nas paisagens do Rio de Janeiro.

Também mostrou algumas estratégias de atração e desejo que existem na natureza. Vocês já pararam para pensar que flores polinizadas por pássaros têm características completamente diferentes das polinizadas por insetos? No caso dos pássaros, eles são atraídos pelas cores. Já os insetos, pelos aromas. Os produtos são feitos pensados para cada tipo de público. Se você tem um tipo específico de serviço, por exemplo, não adianta comunicar para todo mundo. Parece óbvio para quem está no mercado, mas a gente sabe que nem sempre consegue convencer o cliente disso.  Quem sabe usando a analogia com a natureza, a gente consiga fortalecer nossos argumentos?

O mais interessante é que num momento em que falamos cada vez mais em IA, Realidade Aumentada, experiências onlines e afins, Gelli trouxe um resgate ao natural, de sair da frente das telas e ir observar a natureza. Segundo ele, é isso que vai equilibrar os excessos que iremos viver com IA. Ao se oferecer um serviço inovador e uma experiência incrível, se cria um desejo real e o engajamento se torna orgânico. As marcas e sua comunicação podem, e devem, construir com as pessoas, gerar um valor compartilhado e, para ele, a Inteligência Natural tem como dar essas respostas.

E eu saí de lá em busca de uma resposta em especial e que ainda vai render muito pano pra manga. Para exemplificar como a natureza dava as "armas" certas para que cada animal conseguisse atrair seu "público-alvo", Gelli mostrou alguns vídeos de pássaros machos, que têm penas de cores exuberantes, que se exibem como os pavões, que fazem danças de mil formas, e tudo isso para atrair as fêmeas. Se formos pensar, entre quase todas as espécies, é o macho que se "pavoneia" para chamar a atenção. E aí é que me deu um estalo: porque entre os humanos essa "obrigação" foi passada para as mulheres?  Sim, uma palestra sobre Design me deixou intrigada com outras questões e que, em breve, também serão tratadas por aqui. Aguardem cenas dos próximos capítulos, que eu vou buscar informações para, pelo menos, tentar entender essa questão que ficou sem  resposta.

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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