Ações por conteúdo livre são financiadas por empresas de tecnologia

Jornalista norte-americano Robert Levine lança livro sobre oferta gratuita de produtos da indústria cultural

Ex-editor da revista Bilboard e tendo atuado também na Wired, o jornalista norte-americano Robert Levine costumava defender que indústria fonográfica e produtores de conteúdo, em geral, deveriam oferecer produtos gratuitamente na Internet. Isso durou até perceber que as empresas de tecnologia cresciam lucrando com os produtos da indústria cultural, mas sem pagar por eles. Ao investigar sobre o assunto, Levine decidiu seguir um conselho tradicional no jornalismo americano: "siga o dinheiro", como recomendava William Goldman, no roteiro do filme "Todos os homens do presidente" (Alan J. Pakula, 1976).

Na trilha do dinheiro, o jornalista descobriu que instituições que defendem abrir tudo na Internet são financiadas pelas mesmas empresas de tecnologia que se aproveitam de conteúdos sem desembolsar por eles. É o caso, por exemplo, do Creative Commons, que recebeu US$ 1,5 milhão do Google em 2008 e mais US$ 500 mil em 2009. Os resultados do trabalho estão no livro "Free ride" ("Carona grátis"), que Levine lança nos Estados Unidos no dia 25 de outubro. A obra, ainda sem previsão de publicação no Brasil, circula há dois meses no Reino Unido.

"Parte do financiamento dessas instituições vem das empresas de tecnologia. Muito do financiamento vem. E o que é interessante é que as pessoas não sabem. Como é que esses ativistas recebem todo esse dinheiro do Google e ninguém diz nada?", questiona Levine em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo e publicada nesta segunda-feira, 3.

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