Gaúcho não é mais conservador do que outras regiões do País

Constatação é do projeto Persona, do Grupo RBS, apresentado nesta segunda-feira no Theatro São Pedro

Marcelo Leite

A manhã desta segunda-feira, 13, foi marcada pela divulgação do estudo Persona, encabeçado pelo Grupo RBS e apresentado no Theatro São Pedro pelo diretor-executivo, Marcelo Leite, que anunciou: "O conservadorismo gaúcho não é diferente do que a média em outras regiões do Brasil". A afirmação foi surpresa tanto quanto o fato de as tradições gaúchas não estarem associadas diretamente à idade, já que os jovens menos ligados a estas questões têm o mesmo percentual de participação do que os mais ativos.

Entre as três mil respostas, foram 1.800 espalhadas por sete regiões do Rio Grande do Sul e outras 1.200 em São Paulo, de modo que permitisse comparação. Ao serem indagados, os entrevistados responderam a questionamentos sobre o orgulho de ser gaúcho, a importância das tradições e da religião, o consumo e a relação com marcas locais.

Do resultado, foram identificados cinco perfis diferentes de gaúchos, categorizados em Gaúchos Fiel, Raiz, Não Praticante, Exportação e Desapegado. O primeiro representa 35% da amostragem, que são aqueles altamente influenciados pelas tradições e pela religião. O segundo, muito semelhante ao primeiro, mas sem tanto apego à espiritualidade, soma 14%. O terceiro, com 24%, é aquele que reconhece a cultura, mas só cumpre as mais convencionais, como é o caso do chimarrão e do churrasco. Já o quarto - pessoas com orgulho da origem, mas que mostram isso quando estão fora do Estado - e o quinto - referente aos que não se reconhecem nas tradições, nutrem desejo de sair do território, mas não chegam a rejeitá-lo - ficaram, respectivamente, com 14% e 13%.

Entre os números destacados, Leite ressaltou que era interessante perceber que 73% dos entrevistados valorizam as tradições. Apesar disso, o Persona identificou que o orgulho local não impede de perceber que a situação do Estado não é boa, já que 44% se diz preocupado, 30% está revoltado e 28% se sente impotente. O estudo mostrou, ainda, que os gaúchos mais apegados à cultura veem o trabalho e a educação como objetivo de vida, enquanto os do grupo Desapegado acham que os dois setores são apenas meios de se conquistar sonhos. Além disso, os do primeiro e segundo grupos querem construir patrimônio, enquanto o último pensa em investir em experiências como viagens e shows.

Aliás, quando se fala em sonhos materiais, 43% dos entrevistados disseram que estão guardando dinheiro para alcançá-los, outros 31% cortando gastos e mais 30% aguardando a situação melhorar. "Ou seja, há uma saliência de racionalidade no povo", analisou Leite. Por último, o executivo apresentou relações de consumo e com as marcas. Nesse aspecto, a pesquisa apontou que 59% dos ouvidos não se sentem bem representado na Publicidade e preferem consumir marcas locais. Os segmentos mais promissores são Construção de Patrimônio (78%), Viagens (76%), Educação (75%) e Roupas e Produtos de beleza (67%). Também, ao serem questionados sobre títulos regionais, 49% diz que existem nomes que representam seu Estado: Polar, Tramontina, Fruki, Zaffari, Piá e Grupo RBS.

Para finalizar, Leite explicou que o estudo não será disponibilizado completamente a todos, mas que a empresa midiática está inteiramente à disposição para detalhar o que for preciso. "Também estamos abertos a construir muitas coisas juntos a partir desta pesquisa", concluiu. O músico Erick Endres foi chamado novamente ao palco - depois da abertura de uma interpretação de Querência Amada, com um solo de guitarra - para fazer o encerramento do evento.

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