Membros da Comissão de Ética do Sindicato participam de painel

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"O jornalista não tem uma ética peculiar. Sua ética é como a de qualquer cidadão". Inspirado nesta citação de Cláudio Abramo, o jornalista José Antonio Vieira da Cunha iniciou o terceiro painel do 32º Congresso Estadual de Jornalistas destacando que a postura do profissional da comunicação não se separa de sua postura como cidadão. "Não se pode esperar uma mídia ética se os seus trabalhadores não possuem tal valor", afirmou, explicando a idéia de que quano maior for a ética maior será a responsabilidade social de uma empresa e o engajamento dos profissionais que trabalham nela.


Para Vieira, em muitos casos, o jornalista assume o papel de estrela, esquecendo-se da tarefa principal que é informar corretamente. Ele acredita que, quando isto acontece, o jornalista faz mau uso da profissão. "A mídia deve servir como sustentáculo da democracia."


 Em contraponto, Vieira falou também do papel positivo da mídia, referindo-se ao caso da novela Mulheres Apaixonadas, da Rede Globo, onde a questão dos idosos foi abordada e isso acarretou maior interesse e mobilização da sociedade para o assunto. Finalizou falando da postura individual de cada cidadão. "Nossa sociedade está cada vez menos reflexiva. Nâo se tem tempo e nem espaço para reflexão. As informações não são assimiladas porque chegam em tão alta velocidade que não marcam nem são absorvidas."


Antônio Hohldfeldt, segundo palestrante da mesa, foi mais provocativo. Lembrou da origem da palavra, "Ethos", que representa valores e costumes, e propôs ao público repensar onde e quando tratar da questão ética. "Podemos cobrar isso de uma sociedade que não possui este valor?".  Para ele, a difícil tarefa de implementar a ética no fazer jornalístico brasileiro está relacionada à falta de valores morais na sociedade e à rápida e constante mudança nos mesmos.


Hohldfeldt destacou alguns elementos do jornalismo onde a ética está relacionada. Por exemplo, a relação com as fontes, lembrando o caso da jornalista norte-americana que ficou um mês presa por não querer revelar o nome de um entrevistado; das declarações "em off", que muitas vezes servem como material para a produção de textos posteriores; e da linguagem, já que muitas vezes a forma como se diz ou mostra uma notícia pode distorcer completamente seu conteúdo original. Ele citou os observatórios (da imprensa, das cidades), a figura do ombudsman e o conselho dos leitores como importantes mecanismos de cuidado com a qualidade da informação.


Para Pedro Luiz Osório, o último palestrante do Painel que foi coordenado pelo jornalista Renato Gianuca , o caso da ética na atividade do jornalista merece mais atenção dentro da própria coorporação e, diferente do que defendeu Hohldfeldt, não é apenas uma questão de postura individual. Ele chamou a atenção para o confronto da ética autoritária e da ética humanista, sendo que a primeira está relacionada à existência de leis e cumprimento de normas e a segunda, ao tratamento mais sensível e integrador das questões informadas na mídia.

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