Entidades se manifestam sobre depoimento de jornalistas à PF

Torves declarou que liberdade de expressão não pode ser tolhida em caso algum

Depois do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva ter afirmado que pretende mudar seu relacionamento com a imprensa, três repórteres da revista Veja divulgaram ontem terem sido intimidados, pressionados e constrangidos pelo delegado da Polícia Federal paulista Moysés Eduardo Ferreira. Chamados a depor na condição de testemunhas, como autores de uma reportagem sobre supostas ilegalidades cometidas por policiais federais, tiveram de responder sobre o posicionamento político da revista e supostas filiações partidárias. Os depoimentos ocorreram um dia depois de jornalistas terem sido hostilizados por militantes petistas em Brasília, na chegada do presidente ao Palácio da Alvorada. O presidente nacional do PT, Marco Aurélio Garcia, ao comentar o episódio, disse que a imprensa deveria fazer uma "auto-reflexão" sobre a forma com que noticiou o escândalo do mensalão.


José Carlos Torves, presidente do Sindicato dos Jornalistas no Rio Grande do Sul, falou a Coletiva.net sobre o incidente. Ele disse que "o sindicato acompanha a linha da Fenaj. Defendemos a liberdade de expressão e de defesa da fonte, pois é constitucional". Torves acrescentou que "está acompanhando o ocorrido pela imprensa" e enfatizou que os direitos de liberdade de expressão não podem ser tolhidos em caso algum. O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo de Andrade, disse que a assessoria da PF informou à entidade que o depoimento de jornalistas de Veja foi "um procedimento de rotina em investigação sobre a ?operação-abafa'". Ele disse que, "segundo a Polícia Federal, não houve nenhum abuso de autoridade, os jornalistas foram acompanhados por advogados da revista e pela OAB".


No entanto, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, disse considerar "inaceitável" o comportamento do delegado da Polícia Federal durante o depoimento dos jornalistas. "O comportamento do delegado, pelo relato dos jornalistas, foi inaceitável dentro de um estado democrático e quando estamos saindo de uma eleição. Nós, da OAB, temos denunciado constantemente esses meios truculentos utilizados às vezes pela Polícia Federal contra jornalistas e também contra advogados, enfim, contra os cidadãos brasileiros", disse, por meio de nota.

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