Folha deve pagar indenização milionária pelo caso Escola Base

Justiça determina que a empresa indenize três acusados em R$ 1 milhão por danos morais

A empresa Folha da Manhã, que edita o jornal Folha de S. Paulo, vinha tentando ter seu recurso que contestava pagamento de indenização apreciado no Supremo Tribunal Federal. O pedido foi negado e, com isso, fica mantida a condenação imposta pelo Tribunal de Justiça de São Paulo de R$ 250 mil para cada um dos três acusados no caso da Escola Base, que moveram a ação por danos morais contra o jornal. Esse valor é nominal à data do julgamento no tribunal estadual. Com correção e juros, a cifra se aproxima de R$ 1 milhão.


Em 1994, falsas denúncias de abuso sexual contra alunos foram feitas à polícia por pais e divulgadas amplamente pela imprensa, apontando os proprietários da Escola de Educação Infantil Base, seus funcionários e professores como envolvidos nos supostos crimes. A escola acabou depredada e saqueada e os apontados sofreram o que sua defesa chamou de "um verdadeiro linchamento moral". Arquivado o inquérito por falta de provas, Icushiro Shimada e sua esposa, Maria Aparecida Shimada, proprietários da escola, e Maurício Monteiro de Alvarenga, motorista à época, ingressaram com o pedido de danos morais.


O ministro Aldir Passarinho Junior, da 4ª Turma, é o relator do caso. Ele entendeu que não há razão para análise do recurso especial, porque não existem obscuridades nem omissões na decisão do TJ/SP, mas somente um desfecho contrário aos interesses da Folha. O ministro ainda destacou que não se trata de hipótese de revisão do valor da indenização, porque o valor "não é abusivo frente às gravíssimas e infundadas imputações feitas com grande alarde contra os proprietários e o funcionário".


Inicialmente, em 2003, a sentença de primeiro grau havia condenado a Folha da Manhã ao pagamento de 1.500 salários mínimos para cada acusado, mais juros de 1% ao mês a partir da citação. A empresa apelou, mas o TJ manteve a condenação, no entanto reduziu o valor. Segundo a defesa dos implicados no caso, em decorrência das falsas denúncias, Icushiro sofreu um infarto, Maria Aparecida viveria à base de tranqüilizantes e Maurício teria se separado da esposa e teria sido obrigado a mudar-se para o interior.

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