Onda de ataque de hackers a sites chega ao terceiro dia

Lista de páginas atingidas pela ação inclui Presidência da República, Senado, Receita, Petrobras e o portal do governo federal

Pelo terceiro dia consecutivo, o governo federal foi alvo da ação de hackers. Na madrugada desta sexta-feira, 24, a página do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) saiu do ar depois de ser invadida. O IBGE afirma que não houve perda de dados. "O IBGE assegura que o banco de dados de todas as pesquisas está preservado já que não foi atingido pela ação de hackers", diz nota distribuída pela instituição. Um grupo identificado como Fail Shell reivindicou a autoria da operação. A técnica utilizada é conhecida como "defacement": consiste em alterar a página inicial de um site colocando alguma imagem ou esclarecimento sobre o fato.
Com a alteração feita pelos hackers, a página do IBGE exibia um grande olho com uma bandeira do Brasil e uma mensagem explicando a ação. "Entendam tais ataques como forma de protesto de um grupo nacionalista que deseja fazer do Brasil um país melhor. Tenha orgulho de ser brasileiro, ame o país, só assim poderemos evoluir!". No fim da mensagem, Fail Shell critica os grupos de hackers Anonymous e LulzSec, envolvidos em ações semelhantes no Brasil e no mundo: "Não há espaço pra grupos sem qualquer ideologia como LulzSec ou Anonymous no Brasil".
Os grupos LulzSec e o Anonymous se uniram contra órgão governamentais de todo o mundo em uma operação chamada de Antisec. "A LulzSec e o Anonymous acabaram de declarar guerra aberta contra todos os governos, bancos e grandes corporações do mundo [?]. O objetivo é expor corrupção e segredos obscuros", diz o manifesto sobre a parceria. A divisão brasileira do LulzSec começou a agir na madrugada da última quarta-feira, dia 22, quando tirou do ar site da Presidência da República ( www.presidencia.gov.br), o portal do governo ( www.brasil.gov.br) e o site da Receita Federal ( www.receita.fazenda.gov.br). Na tarde do mesmo dia, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) afirmou que o ataque foi o maior já sofrido pelo governo.
Na manhã da última quinta-feira, dia 23, o grupo hacker liberou supostos dados pessoais do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e da presidente Dilma Rousseff. Também postou links no Twitter para dois arquivos: um com supostas trocas de mensagens entre funcionários da Petrobras e outro com senhas e logins de acesso a áreas restritas do site do Ministério do Esporte. Durante a tarde, o site do Ministério do Esporte (www.esporte.gov.br) saiu do ar. Os sites do Senado e da Presidência ainda foram alvo de ataques na tarde da última quinta.
Em entrevista concedida ao UOL Tecnologia, na noite de quarta-feira, um brasileiro do grupo LulzSec, identificado como bile_day, explicou o motivo das ações, prometeu novos ataques, insistiu que o grupo derrubou os sites do governo brasileiro e afirmou que ainda não usaram nem 10% dos "canhões" de que supostamente dispõem. Por fim, disse: "Não somos os vilões dessa história. O governo quer que os brasileiros pensem que somos assim, mas não somos".

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