Cinco perguntas para Cláudio Mércio

Jornalista é o docente responsável pelo Diário do Campus há 14 anos

Cláudio Mércio

  1. Quem é você, de onde vem e o que faz?

Sou um jornalista formado pela Famecos, na PUC, em 1990, que quase uma década depois transformou-se em professor no mesmo lugar. Ninguém pode dizer quem é apenas por sua formação acadêmica. A criança que fui chora na estrada, diz Fernando Pessoa em um de seus poemas. Gosto de pensar que sou aquela criança somada ao repertório que a idade me deu.

Em um estilo "papo de boteco", vejo que sou os livros que li, as músicas que escutei, as pessoas com quem convivo. Sou o pai da Marina, baterista (tambores são uma ótima terapia), goleiro aposentado e um cara que considera leite condensado a maior invenção da humanidade.

Nasci em Osório, embora não tenha relação com a cidade. Meu pai era promotor de Justiça, enquanto minha mãe era professora quando resolvi nascer com oito meses. Tudo estava programado para eu vir ao mundo em Porto Alegre, mas não deu tempo. Ela saiu direto da sala de aula para o Hospital São Vicente de Paulo.

  1. Como se deu a escolha pelo Jornalismo e a atuação na academia?

Só sei fazer uma coisa: escrever. Quando chegou o momento de fazer o vestibular, não tinha muitas alternativas.  Precisava escolher uma profissão que valorizasse a palavra, o texto e que aproveitasse o meu lado contador de histórias.

Em 1997, fui convidado pelo Flávio Porcello, hoje professor da Ufrgs, para trabalhar na produtora de vídeo da PUC. Aproveitei para fazer uma especialização em Teorias do Jornalismo e, na sequência, mestrado e doutorado.

Quando entrei no mestrado, a então coordenadora do curso de Jornalismo e hoje pró-reitora de graduação, Magda Cunha, me convidou para dar aula. Nunca mais parei.  Então, aquele cara que só sabia escrever aprendeu (e continua aprendendo) a ser professor.

  1. Qual o papel de laboratórios, como o Diário do Campus, na formação dos futuros profissionais?

Laboratório quer dizer lugar de trabalho. Ampliando o conceito, pode-se dizer que é um local onde são realizadas experiências. A importância do laboratório em que sou o professor responsável - o Diário do Campus - está nesta possibilidade: oportunizar experiências com o que foi aprendido na sala de aula. Os estagiários produzem todos os dias um telejornal para o portal da PUC.

São 15 anos no ar. Desconheço que outra universidade no mundo tenha proposta semelhante.  Em 15 anos, quantos programas apareceram e desapareceram nas TVs comerciais? O Diário segue firme e forte. Deveria entrar no Guinnes Book. Enfim, é um local de aprendizado intenso, onde os alunos vivem todas as etapas de um programa de televisão.

  1. O que não pode faltar aos jornalistas para que ingressem no mercado de trabalho?

Não pode faltar texto, texto e texto. Com isso, quero dizer que todo o jornalista precisa se dedicar a produção de conteúdo de qualidade. O domínio de novas tecnologias hoje é intuitivo. "Conversamos" com as máquinas de forma natural. Meus alunos não enfrentam dificuldade em aprender novas ferramentas. A diferença, que pode garantir o ingresso no mercado de trabalho e a sobrevivência, está em saber transformar informação "bruta" em conteúdo interessante. A ideia ainda vem da cabeça e não da prótese (celular, tablet...) que você usa.

  1. Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

No mundo em que a relação distância, tempo e velocidade está sem controle, falar em planos para daqui a cinco anos parece impossível. Vou arriscar. Quero acordar daqui a 1825 dias com saúde, com a capacidade de dar aulas bacanas de texto e audiovisual na PUC, acompanhando a minha filha preparando-se para o vestibular (caso seja o desejo dela) e vendo minha  mulher com sua alegria de sempre. É pouco? Ambição exagerada só provocou guerras.

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