Cinco perguntas para Marilaine Castro da Costa

Profissional é responsável pelos projetos de acessibilidade da Accorde Filmes

Marilaine Castro da Costa - Alice Nascimento

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Sou formada em Comunicação Social pela UFSM, cursei MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e, em 2017, concluí o Mestrado em Comunicação Acessível no Instituto Politécnico de Leiria, em Portugal. Trabalhei em redação de rádio, fiz reportagens para jornais e revistas e, depois, comecei a trabalhar com produção audiovisual. Sou sócia da Accorde Filmes, onde atuo como produtora-executiva e sou, também, responsável pela produção de recursos de acessibilidade dos filmes. Realizei dois documentários, em codireção com Luiz Alberto Cassol: 'Todos' e 'Grandes Médicos'. 

2 - Como se deu a escolha pela produção audiovisual?

Comecei escrevendo roteiros para audiovisuais corporativos e, depois, como sócia da empresa, acabei me envolvendo em outras funções de produção.      

3 - O que significa para você trabalhar nos projetos de acessibilidade da Accorde Filmes?

O mais importante é saber que estamos produzindo uma obra que poderá ser assistida por todas as pessoas, estamos ampliando o público para nossos filmes. Produzir recursos de acessibilidade agora é lei, mas já fazemos isso na Accorde há vários anos. Significa, também, um retorno à minha atividade de jornalista, pois o que mais gosto de fazer é o roteiro de audiodescrição, que é o recurso que descreve as imagens de um filme para pessoas com deficiência visual. É um trabalho que exige pesquisa, facilidade para escrever bem e de forma resumida, pois temos que dar informações sobre expressões e características físicas de personagens, descrever cenários e figurinos entre os diálogos do filme. 

4 - Como se dão o planejamento e a direção dos vídeos que oferecem esta possibilidade para o público-alvo?

Os recursos de acessibilidade têm que ser produzidos depois da obra estar pronta, então, é necessário prever um tempo para isso no cronograma de finalização. A Legenda para Surdos e Ensurdecidos (LSE) segue normas específicas, com redução de textos sempre que necessário para facilitar a leitura e indicação dos efeitos sonoros relevantes para a narrativa do filme.  Para a produção de Libras (Língua Brasileira de Sinais) é antes feita a tradução e depois um intérprete grava em estúdio. A audiodescrição começa pelo roteiro, que passa pela consultoria de uma pessoa com deficiência visual, e depois o texto é gravado em estúdio por um locutor, ou locutores, dependendo da obra. Depois, a narração é mixada ao áudio original do filme. Sempre submetemos o trabalho à avaliação de pessoas com deficiência capacitadas para a consultoria.

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Espero seguir produzindo obras de ficção e documentários e que todas as obras, seja nas salas de cinema, na TV ou em outras plataformas, tenham recursos de acessibilidade para todas as pessoas que desejarem. Recentemente, lançamos dois longas-metragens - 'Teu mundo não cabe nos meus olhos' e 'A superfície da sombra' - e, por iniciativa da Accorde e das distribuidoras, os recursos de acessibilidade foram disponibilizados por meio do aplicativo MovieReading. Na Agência Nacional do Cinema (Ancine) ainda está em discussão a tecnologia a ser usada nas salas de exibição para oferecer os recursos ao público, embora já exista a obrigatoriedade de finalizar com audiodescrição, legendas e Libras todas as obras produzidas com verbas  públicas federais geridas pelo órgão. De nada nos serve produzir os recursos e não poder oferecer ao público, que existe e é numeroso.

Comentários