Fenaj e ARI lamentam venda de última emissora independente

Dirigentes das entidades também questionam negociação de concessões públicas

O presidente da ARI (Associação Riograndense de Imprensa), Ercy Pereira Torma, e o secretário-geral da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Celso Schröder, falaram a Coletiva.net sobre a venda das rádios e TV Guaíba à Igreja Universal. As entidades demonstram preocupações semelhantes em relação à transação. Torma e Schröder abordaram três questões em comum: a aquisição de meios de Comunicação por empresários de fora do setor, a negociação de concessões públicas como produto e a venda da última emissora de televisão independente do país.


"Nem quando a Guaíba enfrentou sua pior crise Breno Caldas a vendeu, porque havia um critério de que esses veículos deveriam permanecer locais", disse Schröder. "As emissoras já eram tocadas por pessoas de fora da Comunicação, que talvez por isso tenham incorrido em alguns erros", acrescentou Torma. O presidente da ARI disse que espera que a Igreja Universal use os canais com parcimônia e não prioritariamente para a transmissão de cultos, "afinal, são concessões públicas". O secretário da Fenaj também se preocupa com essa questão: "Esse negócio é feito como se fosse uma venda de um produto qualquer, mas uma concessão precisa de submeter a critérios do Ministério das Comunicações. Pode-se vender o maquinário, os prédios, mas não o canal", advertiu.


Para ambos dirigentes, a maior perda é o risco de acabar com a última emissora de televisão independente no país. "A TV2 Guaíba é a única que não está em rede e esse é um aspecto simbólico importante. Perdemos um canal regional para um tipo de rede questionável, pautada por critérios religiosos", afirmou Schröder. Já Torma prefere ser cauteloso, pois acredita que o momento ainda é de "especulação" e espera que sejam mantidas características importantes das emissoras, como a independência do canal 2. "Esperamos que a qualidade seja melhorada, com incremento de uma equipe de Jornalismo e esportes, o que abriria mais um posto de trabalho no Estado. Quanto à FM, que seja mantida a programação musical qualificada e, quanto à AM, que se mantenha o destaque nas notícias e nos esportes, que dão uma credibilidade muito grande à rádio", disse o presidente.

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