Jornalistas da RBS contestam opiniões de ex-governador

Comentários de Tarso Genro em rede social acusam governo atual de seguir "a agenda da RBS"

Nas redações e gabinetes do Grupo RBS correm comentários indignados com as opiniões que o ex-governador do Estado Tarso Genro expressa em suas páginas pessoais nas redes sociais Twitter e Facebook. Na última sexta-feira, 31, Tarso comentou sobre as decisões do atual governo em realizar o atraso dos salários do funcionalismo público, afirmando que a medida não é a solução para o problema financeiro que acomete o Estado. "Se não pagar arrochar salários salvasse o Estado, o estado já estaria salvo e seria simples. Mas não é. É complexo e demorado. Digo de novo", coloca Tarso.
Na mesma tarde, afirmou ainda que, durante seu mandato, evitou colocar o peso da crise nas costas dos servidores e que as decisões, no que tange ao discurso de privatização de órgãos e empresas ligadas ao Estado, são motivadas por discurso e apoio da RBS. "Não se enganem, é a agenda da RBS, agenda 20/20, a agenda que sustenta um choque "privatista" melhora o Estado. Agenda Falsa e cruel", registrou o ex-governador.
Jornalistas do Grupo RBS manifestaram descontentamento com estas colocações. Em sua coluna em Zero Hora nesta segunda-feira, 3, David Coimbra questiona o governo Sartori pelas decisões tomadas e o que elas acarretaram para a população. No final, indaga o ex-governador sobre o comentário que publicou no Twitter e no Facebook: "A RBS é a culpada, ex-governador Tarso Genro? A RBS? Será que o senhor não tem nenhuma parcela de responsabilidade nisso tudo? O senhor governou o Rio Grande por quatro anos. Será que o Estado que o senhor deixou estava em perfeita ordem, e agora Sartori só tem de fazer o que está fazendo por sadismo? É nisso que o senhor quer que acreditemos, governador?".
Outro jornalista do Grupo, Daniel Scola, postou em sua página pessoal no Facebook uma defesa ao trabalho dele e dos colegas, argumentando que "em nenhum momento, um editor fez qualquer menção sobre "agenda privatista"". Em meados do mês passado, a colunista Rosane de Oliveira também já havia trocado farpas com o ex-governador Tarso, também por insinuações deste em relação a informações divulgadas pela jornalista, como se pode verificar aqui.
Confira os posts de Tarso Genro:

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Comentários na rede social Twitter


 
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Comentário na rede social Facebook


 
Confira na íntegra o comentário de Daniel Scola:
" Meus colegas da redação me contaram e fui ver. Lá no twitter, Tarso Genro comentava o governo Sartori e lá pelas tantas tascou que a agenda da crise é a "agenda da RBS", uma agenda privatista. Pensei na hora, juro: "Hackearam o Tarso". Com a leitura do contexto, vi que não. Tenho o maior respeito pelo ex-governador - que tem uma invejável história política como  ex-ministro, ex-prefeito também. Mas jogar a opinião pública contra a empresa para qual eu trabalho e, consequentemente, contra todos os mais de 1000 jornalistas que aqui trabalham é injusto. Tenho uma história de 17 anos de trabalho para a Gaúcha e nunca um editor me pediu para seguir uma "agenda privatista". Nunca. Tampouco presenciei qualquer situação com meus colegas. Como editor-chefe da Gaúcha, desde 2013, só pedi que meus colegas fizessem o que sabem fazer muito bem: jornalismo! Equilibrado, olhando para todos os pontos de vista, ouvindo não uma, mas diversas fontes. Agenda privatista? Vejamos: o governo federal (PT/PMDB quer privatizar o Salgado Filho, conceder a BR-101 e mais algumas rodovias federais. O RS tem as deficitárias e arcaicas CORAG, CESA e outras mais. Quem quer vender o que para ser mais eficiente, então? Quem tem agenda privatista? Em 1998, fui um dos repórteres a colocar lupa nos absurdos contratos de concessão dos Pólos Rodoviários: uma "privatização" mal feita das estradas. Nunca, em nenhum momento, um editor fez qualquer menção sobre "agenda privatista" sobre as minhas reportagens que esmiuçaram aquela anomalia que viraram os pólos. Por isso, acho uma ofensa a acusação do ex-governador. A mim e aos meus colegas, muitos deles, creio, eleitores de Tarso. Sei ver os acertos do governo Tarso, na sequência dos 4 anos de instabilidade política da Yeda. Mas acho que Tarso está tisnando sua biografia ao abrir uma trincheira para fazer esse tipo de ataque. Um exame de consciência - não aqueles do regime de Mao - faria bem.
* Pensei em escrever esse texto ainda no fim de semana e hoje vi o David Coimba aborda o tema em sua coluna de Zero Hora
* Nunca ninguém me pediu pra escrever em defesa da Gaúcha. Faço isso por convicção e pela liberdade que tenho para trabalhar".

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