Liana Bazanela, do Grupo de Atendimento
Como a transformação no mercado publicitário impacta na atividade profissional, no negócio das empresas e no dia a dia das entidades? Este questionamento esteve no centro da programação do 2º Encontro ARP de Grupos, realizado no sábado, 20, no Instituto Ling. Por seis horas, das 9h às 15h, cerca de 60 profissionais acompanharam a agenda, que trouxe apresentações dos Grupos de Atendimento (GA-RS), de Atendimento de Veículos (GAV), de Mídia (GM-RS), de Planejamento (GP-RS), e do Clube de Criação do Rio Grande do Sul.
Presidente da Associação Riograndense de Propaganda (ARP), Zeca Honorato lembrou que o evento foi criado para aproximar e fortalecer os grupos de mercado, no entanto, não deixou de perguntar: "Será que faz sentido tentar fortalecer grupos constituídos a partir de nomenclaturas não mais verdades absolutas?" Para ele, as entidades como um todo passam por um momento de ressignificação, no qual precisam provar valor para que não percam relevância e se tornem "decorativas".
Citando como exemplo mudanças desde a criação da ARP, na década de 1950, como a integração de profissionais de áreas distintas ao mercado da propaganda, disse que o futuro da ARP pode estar em transformá-la em uma associação de profissionais. "Será que faz sentido a gente ter uma entidade dos profissionais da indústria criativa? Não sei se a gente tem real capacidade de mobilização. (?) Talvez, o resultado desta reunião seja: está acontecendo um movimento que determina ali na frente o fim ou a discussão sobre a existência ou não das entidades."
A experiência de agregar profissionais também foi ilustrada pela vice-presidente Grupo de Mídia do Paraná e diretora da Opus Múltipla, Silvana Pazin. Palestrante convidada do GM-RS, ela narrou os esforços da entidade, que tem em seu organograma uma Divisão de Integração, dedicada a envolver profissionais de mídia, de agências digitais e de veículos. "Mais do que encontrar o canal, a gente precisa dar sentido para isso. Começamos a pensar: por que não agregar todo mundo, se temos os mesmos objetivos?", questionou.
De acordo com Silvana, essa união entre profissionais de agência e de veículos auxilia no entendimento entre os dois lados e contribui para o desenvolvimento de soluções exclusivas e sob medida para o cliente. "Para melhorar a transação, é importante estar com pessoas. Isso nos ajuda a potencializar a mensagem e ampliar capacidade de branded content. Ou seja, conseguimos melhorar a capacidade profissional e gerar negócios também", considerou. Antes de passar o microfone, Silvana ainda elogiou ideia do encontro, que pretende sugerir ao seu Grupo de Mídia.
A exposição do Grupo de Atendimento coube à presidente da entidade, Liana Bazanela. Com o apoio de depoimentos em vídeo de Luiz Fernando Musa, da Ogilvy, e Márcio Borges, da WMcCann Rio, ela defendeu que a transformação está acontecendo para todos, e isso inclui o negócio do cliente. "O atendimento, talvez, seja a função que mais estereótipos negativos se construiu. "Atendilento", dizia-se. Isso mudou. Essa é uma posição geograficamente estratégica. O atendimento está na linha de tiro entre cliente e agência. O profissional de Atendimento vê a mudança do lado de dentro do cliente e pode levar isso pra dentro da agência."
As mudanças constantes podem até assustar, como afirmou Musa em vídeo, mas nada altera a importância de uma grande ideia. Liana define o contexto atual como "momento gerúndio". "Estamos fazendo coisas novas e aprendendo tudo de novo. Por isso, é importante ouvir novas opiniões. Talvez, seja dessas pessoas, entrantes no mercado, que teremos novas soluções", avaliou, ao falar da colaboração do GA-RS na formação e capacitação de profissionais. Ao mostrar que 12 dentre os CEOs das 20 maiores agências do País provêm do Atendimento, destacou a liderança como uma característica do profissional da área. "Incentivamos a liderança que promova o respeito, inspire as pessoas, faça coisas junto e promova a inovação. Tem que ter vontade de ajudar, estar disposto a ser líder no sentido de servir."
Leia também:

Estratégia não deve ficar restrita a uma área, defendem grupos

Clube de Criação propõe reflexão sobre modelo de negócio