Cinco perguntas para William Mayer

Roteirista assina projeto no Youtube "Alguém Avisa", voltado ao público LGBT

William Mayer | Reprodução

  1. Quem é você, de onde vem e o que faz?

Meu nome é William, sou de São Leopoldo, formado em Realização Audiovisual e roteirista, diretor e produtor de TV e Cinema. Mestre e doutorando em Comunicação pela Unisinos. No cenário audiovisual, tenho experiência tanto nas áreas acadêmicas quanto na prática. Trabalhei nove anos na RBS TV, onde colaborei nas áreas de Produção, Roteiro e Direção. Dirigi os programas Anonymous Gourmet e Mistura com Rodaika.

No cinema, fui premiado em alguns festivais com o filme ?Eu e o Cara da Piscina?, incluindo o prêmio de "Melhor diretor" na Mostra Gaúcha do Festival de Cinema de Gramado. Atualmente, sou responsável pela Produção da Estação de Inverno da Band em Nova Petrópolis e, paralelamente, dei início a um projeto que sempre foi um sonho realizar, o Alguém Avisa que estive embrionando durante mais de dois anos.

  1. Como se deu a escolha pelo universo da Comunicação?

Desde pequeno, assistia a muitos filmes e programas de televisão. Quando jovem, assistia até cinco filmes nos finais de semana e sempre me interessei em compreender como eram realizadas as coisas nos bastidores. Tentei o teatro, dança e outras várias atividades, que, apesar de amar, não eram o que gostaria de seguir como profissão. Durante a faculdade, roteiro e direção foram minhas descobertas e minha grande vontade por trás disso era contar histórias. Sejam elas na TV, no cinema ou na internet, comunicar-se é conseguir informar ao outro da forma mais clara possível.

Recentemente, o pesquisador Yuval Noah Harari disse, em entrevista ao apresentador Pedro Bial, que a humanidade evoluiu pela maneira como as histórias são contadas e continuará evoluindo da mesma maneira. Portanto, penso que com o meu trabalho posso contá-las, a fim de ajudar a termos um mundo com mais esclarecimento. Na academia, procuro manter o mesmo pensamento na realização das minhas pesquisas.

  1. Qual foi a sua motivação para criação do canal "Alguém Avisa"?

Desde que me formei em Realização Audiovisual, acabei, durante o mestrado e doutorado, sempre desenvolvendo um interesse maior pelas redes sociais, devido à potencialidade que elas têm. Principalmente, colocar em rede grupos que não teriam contato de outra maneira. Na época da faculdade, o interesse em realizar projetos para o público LGBTQIA+ sempre foi uma vontade e uma necessidade. Crescer sendo gay me fez perceber a carência de materiais publicitários, cinematográficos e visuais que falassem sobre o assunto.

Porém, hoje é diferente. Fotógrafos, cantores, artistas e jogadores de futebol têm se assumido e podem se tornar exemplo para esta rede de pessoas que não encontra representatividade. Outra questão é que, na maioria das vezes, nos meios tradicionais, os projetos que alcançam algum reconhecimento são poucos e sem representatividade. Além de ser um espaço para o público se ver, é também para ser visto. Com isso, a ideia é criar esta rede de divulgação dos projetos realizados pelo público LGBT para o mesmo público, no Rio Grande do Sul. São inúmeras iniciativas que acabam não ganhando o devido espaço pela falta de um local específico para sua veiculação.

  1. Quais são as suas expectativas com o projeto?

A ideia no futuro é possivelmente investir em produzir material audiovisual, indo além das matérias escritas, novamente incentivando cada vez mais novos produtores. É um espaço também de movimentação política que espera trazer questionamentos para a sociedade e para o próprio público LGBT. Como eu disse, como realizador trabalhei com dois curtas-metragens sobre esta temática e no meu trabalho com televisão sempre procurei abordar a causa LGBT.

Acredito que é o modo que tenho de mudar a situação das pessoas que vivem e sofrem com o preconceito. Para a maioria das pessoas é difícil tangibilizar algumas dificuldade do público LGBT, como não ter uma peça de teatro, um filme ou novela onde não possam se ver, não enxergar pessoas LGBT em altos cargos. Mas, especialmente, falar sobre as minorias dentro da minoria é um dos pontos que quero chegar. Não adianta falar do ponto de vista do gay, branco, masculino. É preciso cada vez mais falar sobre as ditas minorias.

  1. Quais são os seus planos para os próximos cinco anos?

Certamente tentar crescer o projeto "Alguém Avisa", reunindo as minhas habilidades, contando histórias no blog e trabalhando com TV também. Espero seguir realizando cada trabalho como fiz até agora, levando em consideração não só um público, mas todos. Apesar da unilateralidade da televisão e do cinema, as redes sociais estão aí para nos lembrar que tudo que produzimos comunica algo a alguém e, portanto, é preciso ser responsável e ético com cada pequeno trabalho.

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