Integrantes do Sindjors são agredidas verbalmente por repórter fotográfico

Caso aconteceu nesta terça-feira na sede da entidade, que já registrou boletim de ocorrência

Homem profere ameaças a integrantes do Sindjors para falar diretamente com presidente da entidade, Laura Santos Rocha - Crédito: Arquivo pessoal

A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) registrou um boletim de ocorrência, após uma funcionária e duas dirigentes (a presidente Laura Santos Rocha e uma secretária-executiva) sofrerem violência verbal na sede da entidade, nesta terça-feira, 26, por um repórter fotográfico. O sindicato contou com amplo apoio da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) para relatar o ocorrido. O episódio foi divulgado apenas na noite desta quarta-feira, 27.

Em conversa com a equipe de reportagem de Coletiva.net, Laura Santos Rocha, presidente do Sindjors, contou que o fotógrafo, cujo nome não foi divulgado por orientação do jurídico da entidade, já estava em contato com o sindicato há algum tempo, para acertar a situação financeira e encaminhar a confecção da carteira nacional da Fenaj. A dirigente explicou para o agressor que é necessário apresentar determinados documentos, entre eles o registro profissional. "Ele alegou não encontrar esse documento e foi orientado, como fazemos para todo mundo, a ir na Superintendência Regional do Trabalho para pedir uma segunda via", contou.

Segundo Laura, na terça-feira, 26, ela estava em uma audiência virtual de uma ação que ocorre fora do Rio Grande do Sul, quando o fotógrafo chegou na sede da entidade pedindo para ser atendido pessoalmente pela presidente no mesmo instante, para dar um "jeitinho" para o encaminhamento do documento. A dirigente contou que ele foi avisado pela funcionária e pela secretária-executiva de que Laura não poderia sair da audiência para atendê-lo.

Foi nesse momento que começou a confusão. Segundo Laura, o agressor estava totalmente agitado e querendo arrancar a campainha da porta e desqualificando as funcionárias. Além disso, ameaçou arrancar a camiseta da secretária que tinha os dizeres "Lute como uma jornalista", enquanto proferia injúrias às profissionais. 

De acordo com a presidente, a confusão durou mais de uma hora, até o homem ser expulso do prédio por determinação da síndica em decorrência do tumulto. "Quando a portaria proibiu ele de subir novamente ao nosso andar, porque estava criando tumulto, decidiu que ficaria esperando a nossa saída. Só podemos ir embora um bom tempo depois que tivemos certeza que ele não estava mais lá."

Conforme Laura, o encaminhamento da diretoria-executiva é procurar medidas protetivas e levar adiante o processo para que isso não ocorra jamais. Para a dirigente, é inadmissível que em pleno mês de março, que serve para discutir a violência que as mulheres sofrem, jornalistas serem atacadas por uma pessoa que se acha "superior" para entregar a documentação, exigida pela Fenaj, para confecção da carteira nacional de identificação da categoria.

O presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado (Arfoc/RS), Rodrigo Ziebell, manifestou-se e reforçou ser inaceitável que um profissional tenha uma atitude dessas dentro de seu próprio sindicato. "Nós repudiamos toda e qualquer violência, ainda mais contra nossas colegas mulheres", colocou.

Confira na íntegra a declaração de Laura:

Por meio do nosso jurídico não vamos expor, neste momento, o nome da pessoa. Mas o encaminhamento da diretoria executiva é procurar medidas protetivas e levar adiante o processo para que isso não ocorra jamais. É inadmissível que em pleno março, que serve para discutir a violência que as mulheres sofrem, nós jornalistas sermos atacadas porque essa pessoa se acha superior para entregar a documentação, exigida pela Federação Nacional dos Jornalistas - Fenaj, para a confecção da carteira nacional de identificação da nossa categoria. 

A intenção é denunciar para impedir que esse tipo de postura de quem deveria ter, no mínimo, civilidade no trato interpessoal. Serve de alerta também para a quantidade de registros profissionais que estão sendo fornecidos, desde a retirada da obrigatoriedade do diploma, para inúmeras pessoas despreparadas e sem qualquer tipo de qualificação. Nossa diretoria, que é predominantemente feminina, jamais vai aceitar fatos como esses como "normais".

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