Por Juliana Freitas - 11/04/2014
A frase 'Prefiro segurar os loucos a empurrar os medíocres' se encaixa perfeitamente no perfil de Mara Bussolin, diretora de atendimento da agência publicitária e21. Animada, entra na sala já com um sorriso largo e com a energia que é sua principal característica. Característica essa que já recebeu críticas, mas que trouxe à publicitária muitas conquistas nesses 25 anos de carreira.
Falante e sem deixar de sorrir ao lembrar-se das histórias vividas, suas experiências profissionais lhe trouxeram uma carga de conhecimento e momentos especiais que tornaram a publicitária em uma eterna apaixonada pela profissão. Tem passagens por agências como Norton (Grupo Publicis), DCS e QG e foi reconhecida como Mídia do Ano, em 1996. Se já se imaginou em outra profissão? "Até poderia pensar em ter uma loja, pois a forma como o varejo trabalha me interessa. Mas ainda assim teriam que me convencer', revela Mara.
Com agenda lotada de reuniões e viagens, ainda encontra tempo para sair com as amigas, dar atenção à família e cuidar do corpo e da mente. Vaidosa, sempre bem vestida e maquiada, Mara conta que tem duas coisas que não abre mão de ter na vida. "Minha academia e meu champanhe para relaxar", diz, lembrando que até os colegas brincam com ela por causa da bebida preferida.
O começo de tudo
Ao contrário de muitos publicitários, Mara não tem a profissão na genética. Filha de dona de casa e pai comerciante, ela foi a única da família que não rumou para a educação, como fizeram suas irmãs Ângela e Virgínia. Formada em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC), pós-graduada em Administração com ênfase em Marketing na mesma instituição e MBA na área pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a publicitária iniciou a carreira ainda na graduação.
Começando como estagiária na área de mídia da Norton , em 1988, logo passou a assistente e não demoraria para que ela se tornasse gerente do departamento de mídia da empresa. Os 10 anos trabalhados com a parte de raciocínio lógico da profissão lhe permitiram um entendimento melhor de questões como projetos, por exemplo. "Trabalhar com mídia me trouxe o lado mais hard da propaganda", comenta.
Seria também durante o período de mídia que a publicitária desenvolveria um dom reconhecido por muitos e que faz a diferença em seu trabalho: a capacidade de estabelecer com rapidez um relacionamento com os clientes. Afinal, Mara acredita que a relação entre cliente e agência tem que ser de compreensão e muita confiança. Crê na sensibilidade e no bom humor que tem naturalmente para conquistar os clientes e atendê-los da melhor forma possível. "Tu tem que ter sensibilidade para lidar com as emoções do próximo. Tem que te colocar no lugar da pessoas para entendê-las", diz, séria, enfatizando que a relação com os clientes é algo essencial para o seu trabalho.
Um desvio no caminho
Atuou no Grupo RBS, entre os anos de 1998 e 2000, na função de executiva de contas da Zero Hora e da RBS Rádios, e nas agências GlobaComm e Dez, entre 2000 e 2003. Mas é especialmente de sua passagem pelas agências DCS e QG que traz as melhores lembranças. Da primeira, trouxe o convite que mudaria a sua vida e faria com que ela se apaixonasse pela área de atendimento. Da segunda, ficou a lembrança de muitas conquistas, e também, muitos desafios.
Quando Mara recebeu o convite de Antônio D'Alessandro, um dos criadores da DCS, para trabalhar com ele, não fazia ideia do que a esperava. "Cheguei e me disseram que eu ficaria no atendimento por um período. Aquilo me assustou, afinal, eu não sabia nada sobre a área, já que havia trabalhado apenas com mídia", conta. Mulher determinada e segura, enfrentou os desafios e não deixou que nada tirasse o seu foco.
Entre tantas histórias marcantes, a publicitária narra justamente uma que envolve seu primeiro atendimento na DCS. "A cliente me perguntou qual seria o tamanho do banner para o evento. Eu respondia que era o padrão, mesmo não tendo conhecimento. A cliente disse 'ok, então faz o tamanho padrão'. Levei um susto de início, afinal de contas, não sabia que tamanho era esse, mas com jogo de cintura deu tudo certo. No fim, a cliente nem reparou que eu não sabia", conta com risos, lembrando que se diverte com a cliente até hoje, quando relembram o episódio.
Depois de passar pela experiência, Mara teve a certeza de que era daquilo que ela gostava. A partir de então, se fixou no atendimento e revela que o grande motivo de ter mudado é que esta área da publicidade oportuniza uma visão ampla, além de permitir fazer parte do todo e lidar diretamente com o cliente, que é quem define o trabalho final.
Novos desafios, novas conquistas
Com sua vocação descoberta, ela se voltou para outro projeto. No caso, era o da participação no início dos trabalhos da QG, do Grupo Talent, que se instalou no Rio Grande do Sul em 2003. Considera a passagem por essa agência, na qual permaneceu por 10 anos, um dos melhores períodos de sua carreira.
Trabalhando com Paulo Zoega, profissional que admira até hoje, Mara assumiu a diretoria de atendimento da QG, onde o grande desafio era fazer com que o Walmart, recém comprador do BIG, se estabelecesse no mercado de varejo gaúcho. Chamado de 'forasteiro' pelo mercado brasileiro, ela lembra que a trajetória foi difícil, mas recompensadora. "Fomos reconhecidos como Agência do Ano pelo Walmart, em premiação que eles oferecem aos fornecedores que foram destaques em relação à comunicação", lembra.
Na QG teve a oportunidade de trabalhar com o pessoal do Rio de Janeiro, experiência diferente, segundo ela. Até então, havia apenas atendido a clientes de São Paulo, pela Norton, que visitava semanalmente. Com viagens frequentes, descobriria um fascínio por elas, gosto que apareceu pela primeira vez ainda pequena, quando ia passar as férias de verão na praia. Lugar, aliás, pelo qual é apaixonada. 
Sua rotina de viagens é bem intensa, sendo que três dias da semana são dedicados a elas. Atendendo a clientes em São Paulo, Blumenau, Bento Gonçalves, Igrejinha e Gramado, admite que se não fosse pela sua organização, que aprendeu com a primeira chefe, Lúcia Bastos, não conseguiria realizar o trabalho qualificado que entrega.
Organização é vida
Com 47 anos, há um na agência e21, Mara continua com um ritmo intenso de trabalho. Mas engana-se quem pensa que a rotina corrida do dia a dia lhe atrapalha em seus afazeres pessoais. Ela tem uma organização de dar inveja a muita gente. Separa o domingo, enquanto a família fica ligada no futebol, para organizar sua agenda, tanto pessoal quanto profissional.
Casada há 24 anos com Marco Antônio Ribeiro, amor fruto de um carnaval, assegura ter em casa muito mais que um marido. Compreensivo e parceiro, como caracteriza Mara, o companheiro ajuda e incentiva a publicitária a buscar sempre mais. "A realização do curso de Excelência em Atendimento na Disney, conquistado graças ao Mídia do Ano, só foi possível com a colaboração do marido e meu hábito de ser organizada para tudo", conta. O filho Guilherme, hoje com 17 anos, tinha apenas dois quando a mãe viajou para os Estados Unidos em busca de qualificação.
Colorada de carteirinha, revela que não é exigente para programação de TV. "Gosto de assistir programas de esportes. Mas sempre assisto tudo. Não tenho preferências". Em relação a filmes, admite que há divergências entre os gostos dela e do esposo, já que ela gosta de drama, e ele, de ação. Quando o assunto é música, revela que só não suporta sertanejo.
Às sextas-feiras, a noite é especial para o casal. Quase sempre sozinhos nesse dia, ela conta que o marido é um cozinheiro de mão cheia e que adora chegar em casa, abrir seu espumante e relaxar. No sábado, a publicitária reserva todo o dia para ela, convicta de que é o momento que tem para se cuidar, ir à estética e conviver com as amigas.
Depois de tantas experiências e histórias que guarda consigo, Mara ainda tem um sonho que deseja realizar. "Gostaria de fazer um curso de atendimento em Nova York. Isso sim seria legal", diz, com o brilho nos olhos de quem ainda vai trabalhar muito para conquistar mais esse desafio.