Ana Claudia Rimoli: Nos mínimos detalhes

Relações-públicas e empresária se mostra determinada, minuciosa e apaixonada pela vida que leva

Ana Claudia Rimoli - Reprodução

Mesmo tendo passado muito tempo afirmando que jamais seria empresária, hoje Ana Claudia Rimoli dirige a Comfoco Endomarketing ao lado do jornalista Renato, sócio e marido há 10 anos. Família é a palavra mais citada pela relações-públicas, pois é com ela que gosta de ficar nos poucos momentos de folga. Poucos porque o seu perfil, segundo a própria, é "meio workaholic" e a dedicação ao trabalho é total: é apaixonada pela profissão e não se imagina em outra atividade. Por outro lado, esta certeza não é de sempre. Ana Claudia chegou a cursar Matemática e demorou dois anos para ingressar na Comunicação. Como um talento precoce, ingressou na Ufrgs com 16 anos. 

Aliás, comunicar-se é algo que a empresária faz muito bem. Durante a conversa, atende a todos que solicitam sua atenção de forma muito carinhosa. Também fala da vida e da profissão com muita facilidade e clareza. São raros os momentos em que Ana para e pensa - ao que parece, ela tem respostas muito simples para todas as questões. Sorridente e divertida, recorda a infância, a trajetória profissional, os momentos familiares e as situações marcantes. 

Trabalhar bastante não é de hoje, sempre foi assim. Desde o tempo de recreacionista, passando pelo período em que foi uma executiva em grandes organizações e chegando ao atual momento, no qual dirige a própria empresa. Por tudo, valoriza toda oportunidade que tem de estar entre os filhos, o marido e os pais. "Sempre fomos muito grudados. Gostamos de estar juntos e nos esforçamos para manter este laço", diz.

O gentólogo e a coisóloga

A relação com o marido e sócio merece destaque. A convivência diária com Renato não parece ser um problema na vida do casal, pelo contrário, os dois sabem separar as relações com muito profissionalismo. Mas não é dessa proximidade que a empresária prefere falar. "Ele é um homem fantástico, maravilhoso. Tenho certeza que somos almas gêmeas", derrete-se, reforçando o quanto o admira: "Quando crescer, quero ser como ele", brinca.

O casal se conheceu em um evento profissional e a empatia não aconteceu à primeira vista. Foram necessários outros encontros, algumas conversas, o reconhecimento de pontos em comum para, enfim, terem a sensação de que se conheciam há muitos anos. A década que os une foi marcada pela falta de brigas e um ótimo entrosamento. "Às vezes, nem preciso falar, ele sabe o que estou pensando", conta, para, em seguida, dizer que eles se completam. 

O marido retribui os elogios e mostra o romantismo: "Ela é uma sumidade no assunto endomarketing. Pessoalmente, é a minha fonte de inspiração. Juntos, temos uma sintonia incrível com um poder de transformação sem limites". 

Ela reconhece que trabalhar junto significa viver a empresa 24 horas por dia, mas garante que aprenderam o limite para que pudessem curtir mais a família. A brincadeira entre os dois é referente às personalidades tão diferentes. Renato tem jeito para lidar com pessoas e é mais audacioso nas decisões, enquanto ela é pontual, objetiva e cautelosa. Da constatação surgiram os autoapelidos: o gentólogo e a coisóloga. 

Família, família e mais família

A filha do representante comercial Eduardo e da Sônia, que mantém um atelier de costura, nasceu em Montevidéu, mas veio para Porto Alegre já aos oito anos. Ao falar da infância, as principais lembranças já são da vida na capital gaúcha. Assim que chegaram, ela e a irmã Maria Laura, professora de Matemática, tinham aulas de Português todos os dias, pois nada falavam ou entendiam da língua. O intensivo valeu a pena, já que o sotaque da empresária é puramente brasileiro. 

A grande herança do período infantil é o que ela não se cansa de falar: a relação familiar. "Meus pais comemoravam qualquer coisa, eram muito incentivadores. Uma nota boa na escola era motivo para minha mãe fazer um bolo. Até hoje, ela sempre tem uma champagne na geladeira para estas ocasiões. Todas as vitórias são exaltadas." Com Maria Laura a relação não é diferente. Apesar da irmã mais velha morar em Nova Iorque, o contato é frequente e as visitas acontecem, pelo menos, uma vez a cada semestre. A ligação entre os quatro, ela garante, sempre foi muito forte, resultando em uma troca de confiança e transparência. 

Todas as características trazidas de berço são repassadas aos herdeiros. Pedro, de 8 anos, e Laura, de 4, são muito diferentes entre si, mas com algo em comum: a afetividade com os pais e amigos. "Meus filhos são uma figura. A Laura tem um temperamento muito forte e o Pedro é mais calmo. Ele é muito parecido comigo, é metódico e detalhista. Ela já é mais malandra", identifica, para em seguida derreter-se: "Vivo para eles". 

Entrega total

A Comfoco Endomarketing existe desde 2006 e exige tempo e dedicação da empresária. Para quem pensou que ter o próprio negócio seria mais tranquilo e possibilitaria fazer um horário mais flexível, enganou-se. Após levar as crianças para a escola, Ana vai direto para a agência e, depois de entrar em sua sala, sabe-se lá a que horas deixará o local. Aliás, uma das metas para 2011 é justamente sobre seu horário profissional: quer sair da empresa, no máximo, às 20h - façanha que ainda não conquistou. Ter paixão pelo que faz é encarado por ela como um complicador para se desvencilhar da rotina profissional. 

A decisão de investir na agência surgiu, como não poderia ser diferente, da vontade de estar mais presente em casa. "A única condição que coloquei é que não queria ser uma agência de publicidade. Íamos trabalhar com endomarketing, pois é algo no qual aposto demais", conta. 

O conceito da Comfoco Endomarketing é incorporado na vida pessoal: gente. Ela explica melhor: "Pessoas fazem todo o sentido. Não adianta ter dinheiro e não ter ao lado alguém que se ama. O mesmo vale para as empresas. Não adianta ter grandes empresas sem ter bons profissionais". Por conta disso, a relação com os funcionários também é de muita proximidade, pois acredita que, por melhor que a equipe seja, não se pode esquecer que todos têm vida fora dali. E acrescenta: "Gente é a base de tudo. Ter pessoas que gostam de ti do teu lado é o melhor da vida".

Ritmo frenético

Antes de ingressar na carreira de empresária, Ana trilhou um longo caminho pelo setor de Marketing. A experiência contada com mais empolgação e rica em detalhes foi sua passagem pela empresa de refeições empresariais Puras, onde permaneceu por sete anos. É gesticulando bastante que a empresária conta do ritmo frenético que viveu neste período. Viajou o Brasil inteiro, um pouco no exterior, conheceu empresas de diversos setores e aprendeu um pouco de tudo. Foi lá que se sentiu mais desafiada. "Cresci muito profissionalmente e aprendi a olhar as empresas como um todo", destaca. 

O período também foi marcado pela certeza de precisar diminuir o ritmo, e o nascimento de Pedro foi decisivo para a constatação. Ana começou a sofrer com a ausência e brinca dizendo que, a qualquer momento, seu filho não a reconheceria mais. "Uma dia eu ia chegar em casa e ia ouvir dele: 'quem é essa mulher?' Resolvi não deixar chegar neste ponto", conta. Foi aí que surgiu o convite do marido para serem sócios. 

Também existiram duas outras empresas onde a empresária deixou sua marca. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre foi o primeiro emprego depois de formada e a melhor lembrança do local foi a criação do setor de eventos. "Novinha e cara de pau, apresentei um projeto para o presidente e ele aceitou. Foi muito marcante este tempo", recorda. Teve também o Grupo Apisul, seguradora especializada em transportes, no qual Ana conseguiu ter mais tempo para organizar sua vida pessoal e as viagens eram menos frequentes. Nas duas ocasiões, ela diz ter sido levado por apenas um aspecto: o desafio. Sem falar que, antes de se formar, Ana trabalhou como recreacionista e coordenou eventos infantis.

Os prazeres da vida

Ser família e gostar da profissão são características facilmente detectadas, mas a empresária ainda tem outras avaliações de si mesma. "Sempre fui muito determinada e detalhista. Tinha certeza de tudo que ia acontecer na minha vida, mesmo que demorasse", garante. O perfil continua o mesmo, já que tem planos para daqui a 10 anos. Ana quer conseguir trabalhar menos, mantendo a empresa sólida, e curtir mais a vida. Enfim, quer encontrar o equilíbrio. Determinada que é, tem certeza que conseguirá.

Relaxar é a palavra de ordem para os raros momentos de folga. Gosta de passear sem rumo e sem horário. Viajar, sair para tomar um café e curtir um dia de sol estão entre os lazeres preferidos. Livros, músicas e filmes? Apenas os infantis: "Preciso acompanhar os filhos", brinca, explicando que gostava de ler no avião, durante as diversas viagens, mas hoje aproveita o momento para planejar as apresentações que faz no destino.

Ser muito amiga é considerada uma das principais qualidades, mas nada de esperar que ela ligue no aniversário, é péssima com datas e prefere fazer a ligação quando sente saudades. Também acredita que consegue enxergar o todo e ter raciocínio lógico, mas a desorganização com seu tempo encara como pior defeito. Ao falar do próprio perfil, ela volta a falar na principal característica: ser detalhista. "Quando recebo pessoas em casa, penso até no detalhe do guardanapo. Ao notarem, logo dizem: tinha que ser coisa da Ana". Lema de vida? Tem um só: "Ser feliz!".

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