Anderson de Andrade: Com o propósito de inspirar

Graduado em Administração com ênfase em Marketing, o profissional, que trabalha desde os sete anos de idade, integra conselhos e é investidor-anjo

Anderson Andrade - Crédito: Divulgação

Primogênito do fiscal sanitário rural aposentado pela Inspetoria Veterinária do Estado João Maciel, e da dona de casa, costureira e pequena comerciante Rosa, Anderson de Andrade sabe o significado de luta e perseverança há muito tempo. Isso porque ajudava o patriarca nas atividades domésticas desde cedo e começou a trabalhar aos sete anos na roça e, após, como peão - apenas o início de uma longa história em busca de realização profissional. 

Nascido em São Borja, em 9 de setembro de 1977, morou até os 14 anos no Interior. A determinação era tamanha que circulava 12 quilômetros por dia, a pé ou a cavalo, enquanto residia em um local onde não havia internet, televisão, nem água encanada. Irmão mais velho de João Alisson, Gisele e Franciele, saiu de casa para começar a carreira como office-boy e, de olho nas oportunidades que viriam com o tempo, interessou-se pelo aprendizado de informática. Entretanto, o único horário possível era de madrugada, das 0h às 6h. Dessa forma, os três dias que dedicava para estudar e se inteirar sobre o mundo digital eram, na verdade, noites passadas em claro.

O resultado da dedicação veio rápido: tornou-se monitor do primeiro curso de informática básica de São Borja e, após, atuou como instrutor, quando trocou de área para trabalhar com vendas na primeira empresa de computadores na cidade. A ascendência veio logo, pois, enquanto muitos ingressavam no mercado de trabalho, aos 18 anos ele já assumia a gerência da empresa. 

Desbravando novos ares

A luta por oportunidades e espaço no ambiente de trabalho apenas começava. Após dois anos, tomou uma decisão que mudou a sua vida para melhor: declinou de uma oportunidade de crescimento profissional, como a sociedade na empresa em que atuava, e decidiu desbravar o território vizinho: para Santa Catarina. "O principal motivador para deixar minha cidade era buscar conhecimento em Tecnologia e acessar uma cidade e mercado maiores", relata. 

Em solo catarinense, o sucesso não foi diferente. Recém-chegado em Joinville, recomeçou a vida como instrutor em uma rede de ensino - área que o cativou -, e, depois de um mês, foi promovido a gerente de Treinamento. Apesar do crescimento, almejava ainda mais, quando o desejo de empreender bateu à sua porta. Foi assim que criou a primeira empresa: um portal de educação para estudantes, com geração de conteúdo para o mercado de Ensino Médio e Superior. 

Todavia, quando a  bolha da internet estourou, no início do ano 2000, e gerou consequências catastróficas para investidores e empresas, muitas delas recém-criadas foram forçadas a fechar as portas, como o caso de Anderson. Ao precisar escolher entre voltar ao mercado e seguir como empreendedor, decidiu perseverar e abrir outro negócio, ainda no mercado digital.

Foi assim que surgiu a A2C, na época, uma desenvolvedora de sites corporativos para empresas. No mesmo período, ingressou na universidade para  estudar Administração, com ênfase em Marketing. Devido aos estudos direcionados ao campo da Comunicação, a empresa acabou se transformando em um negócio mais técnico para Marketing e depois full service, mas com o DNA muito digital até 2019, quando foram comprados pela Brivia. Inclusive, participou da fundação da Associação Brasileira de Agentes Digitais de Santa Catarina (Abradi catarinense), bem como foi cofundador e presidente da entidade nacional. Hoje, ainda é investidor-anjo em diversas startups e adquiriu uma parte da Invisto, de capital de risco, assim como tem uma participação bastante ativa na Organizze, bem como é membro do conselho da Brivia Group. 

Persistência, conhecimento e conexões

Durante toda a jornada, de estudante de Informática a investidor-anjo, muitos foram os desafios, afinal, ele não tinha alternativa. "Se eu voltasse ao Interior, não via perspectivas. Só tinha uma carta, que era dar certo", salienta. Por isso, teve que desenvolver a persistência e perseverança para superar as adversidades dia após dia. 

Os percalços que encontrou pelo caminho não foram poucos, desde não ter onde morar e não ter dinheiro para pagar as contas, além de não ter o que comer. Sendo assim, acabou pautando a vida em uma tríade: persistência para não desistir, busca constante por conhecimento e conexões. "Foi um período difícil, mas foi o que me transformou", conta, ao decretar que hoje é "o resultado de toda jornada que a vida apresentou e me tornou uma pessoa melhor". 

Hoje, depois de tanta história na bagagem, confessa que se sente realizado com o seu propósito de vida: inspirar a essência das pessoas. Contudo, almeja muitos outros projetos pela frente. Olhando para trás, como em um flashback do filme da sua vida, recorda que, quando assinou o contrato de venda da empresa, foi o momento de maior satisfação. "Sempre imaginei criar um negócio que um dia continuasse sem mim e que eu pudesse continuar como acionista, conselheiro ou simplesmente não continuar." 

Vida equilibrada 

Tanta determinação e dedicação no campo profissional chegaram ao ponto de Anderson passar 30 anos sem férias. Três décadas sem descanso, que resultaram em uma conta muito alta, com um nível de estresse crônico e sedentarismo, dormindo pouco e sem alimentação regulada. "O que a pessoa precisa fazer para ter saúde? Era exatamente tudo ao contrário do que fiz", pontua. 

Então, há cinco anos investe pesado na sua saúde, uma questão que tem se aprofundado e estudado, com o intuito de buscar o equilíbrio em tudo. Por isso, decreta: se não tiver autocuidado, dificilmente alcançará o sucesso. Mas tudo tem um lado positivo. Atualmente, tem olhado na direção de cuidado com a natureza e sustentabilidade, como residir em uma moradia sustentável, por exemplo. 

Como "há males que vêm para o bem", a pandemia o ensinou algo fundamental: uma rotina organizada e bem mais calma. "Fiquei 15 anos na ponte aérea. Nos finais de semana ia para Blumenau, onde moro, nas segundas estava em Joinville, e de terças a sextas, ficava em São Paulo", relata. Entretanto, hoje está mais fácil, visto que trabalha em home office. Acorda às 5h todos os dias, toma café da manhã e desperta a filha, Alice, de nove anos, para ir à escola. Entre as 7h e 7h30, já está trabalhando ou estudando. Na hora do almoço, aproveita para treinar na academia e, ao retornar, dedica-se até às 18h, quando chega o momento de passar um tempo com a família.

Fazer a diferença, acima de tudo

Fora do "escritório", dedica-se à esposa, Edna, e à Alice. "Meu tempo é para a natureza, família e para mim, porque no silêncio dela, com toda a sua beleza, é onde eu consigo me conectar melhor com a minha essência", confessa ele, que precisa sair do ruído do dia a dia para poder ampliar a conexão com o seu propósito. Por isso, quando viaja, gosta muito de visitar as serras gaúcha e catarinense. Apesar de preferir o campo à praia, acaba equilibrando e cedendo ao mar, visto que as mulheres da casa amam estar com os pés na areia. 

Ele, que não consome quase nada de séries e filmes, pois prefere o "velho e bom livro", enxerga que as publicações "são mais densas e profundas". Lê muito sobre conteúdos técnicos, como a revolução digital, economia comportamental, bem como sobre autoconhecimento e saúde, na linha da medicina integrativa, assunto que chama atenção de Anderson ainda em artigos e podcasts. 

Definindo-se como um empreendedor e investidor, confessa que tem uma mania: querer fazer tudo que é curso que aparece, tendo, inclusive, diversas pastas com  certificados. "É meio que uma obsessão pelo conhecimento. Cheguei a comprar alguns on-line, os quais não fiz até hoje", revela.

Com o defeito de ser perfeccionista e com a grande qualidade de otimismo, hoje, olhando para trás, depois de tanta persistência e perseverança, planeja para o futuro continuar investindo em negócios que façam a diferença na vida das pessoas e com grande potencial de crescimento. Assim, exatamente assim, como um dia acreditou nele. 

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