Integrante de uma família tradicional e atuante no ramo dos negócios imobiliários, não poderia ser diferente: Claudio Nudelman Goldsztein admite que seu instinto empreendedor é hereditário. Sua história tem início em 1937, com a chegada de um imigrante polonês, que fugia da Segunda Guerra e trazia uma bagagem repleta de sonhos e esperanças. Em 1974, Abram, patriarca da família Goldsztein, e seu filho Sérgio fundariam a Goldsztein S.A - Administração e Incorporações. Movido pelo mesmo empreendedorismo do avô e sem medo de arriscar, em 2000 Claudio edificaria a Embrace Soluções em Marketing de Relacionamentos, empresa pioneira nesse ramo.

Nascido em Porto Alegre a 17 de outubro de 1974, Claudio relembra com saudade os momentos de sua infância vividos no bairro Petrópolis e, principalmente, dos veraneios em Capão da Canoa. "A lembrança que tenho deste período é a época que as pessoas costumavam veranear por dois meses seguidos. Eu passava os meses de janeiro e fevereiro com meus irmãos e adorava a praia", conta.

Ele mesmo registra que foi uma criança e um jovem contestador, que gostava de argumentar e debater e, por esse motivo, chegou a ter o sonho de ser advogado. Na escola, era exatamente essa a área que os testes vocacionais apontavam como a escolha certa. Iniciou a Faculdade de Direito, na PUC, mas não finalizou porque resolveu viver um período no exterior. Através de um programa de intercâmbio do Colégio Israelita, onde concluiu o Ensino Médio, morou um ano em Israel e mais quatro meses na Inglaterra. Mais tarde, retomou a faculdade por achar o Direito essencial para os negócios. "Estou concluindo os estudos, porque é uma área que eu gosto, embora não pretenda atuar. Acredito que o Direito abra os horizontes e a cabeça das pessoas, além de ser importante para os negócios e proporcionar uma visão diferente de mundo." Também teve uma passagem pelo curso de Publicidade e Propaganda, porém, não finalizou.

Além das atividades frente à Embrace, Claudio assumiu em janeiro de 2006 a presidência da seccional gaúcha da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil). Aos 34 anos, tendo assumido aos 31, é o mais jovem presidente que já passou pela entidade ao longo de sua história de mais de quatro décadas. Seu objetivo é promover o crescimento sustentado da associação, com representatividade e legitimidade. Também quer redesenhar a área de Capacitação e Desenvolvimento, com a criação de serviços e cursos inovadores.

Canteiro de obras

Dos 16 aos 18 anos, o canteiro de obras da Goldzstein passou a ser seu escritório. Atuando no departamento de Compras, era responsável pelo recebimento de materiais e notas fiscais. "Foi meu primeiro emprego e, ao mesmo tempo, uma escola importante para eu conhecer a empresa da minha família. A experiência de vida, de negociação e de lidar com fornecedores foi uma dinâmica muito importante para o meu desenvolvimento. Na época, tinha que negociar o preço do ferro e do concreto todo o dia! Já, hoje, é tudo diferente", relata.

O interesse pela Comunicação surgiu aos 21 anos, quando atuava na área comercial e operacional da Pizza Hut, uma franquia que pertencia à família. "Acabei me envolvendo com atividades como atendimento e relacionamento com o cliente e passei a me interessar pelo assunto. Foi nesse momento que fui mordido pelo bichinho do marketing e me despertou a vontade de conhecer a área, principalmente, a parte do relacionamento com o cliente."

Depois de estagiar em escritórios de advocacias, percebeu uma lacuna entre o relacionamento das empresas com seus clientes. Retornou à Goldzstein na área de crédito e cobrança e pôde comprovar essa deficiência no mercado. Começou a perceber dentro da construtora uma série de pontos de contato com clientes que, na verdade, eram pontos de atrito. Na sua avaliação, esses problemas eram decorrentes da falta de comunicação e de qualidade na informação sobre os clientes, "que é a pessoa mais importante para a empresa", diz.

O próximo passo foi listar processos de melhorias na venda e na pós-venda, que proporcionassem à Goldzstein um diferencial em relação à comunicação com o cliente. Surgia, então, um dilema, pois, para colocar a idéia em prática, seria necessário ou criar um novo departamento ou contratar uma empresa especializada no assunto. Como na empresa não existia nenhuma organização que fizesse o trabalho, em 1999, Claudio arriscou e optou por montar um "embrião" da futura Embrace. Inicialmente, o canteiro de obras e único cliente da empresa seria a Goldzstein. "Eu era um jovem com uma proposta diferente. Admito que arrisquei ao começar um empreendimento totalmente diferente, mas a Goldzstein nos deu suporte e foi um risco calculado", conclui. Resultado: hoje a Embrace tem mais de uma dezena de bons clientes e uma filial em São Paulo.

O executivo critica a falta de conhecimento e preconceito de algumas pessoas em relação a esta área. "Muitas pessoas não sabem, mas deveriam saber que o uso da informação, o conhecimento sobre o consumidor final e a segmentação da comunicação são necessidades vitais para as empresas. A rede de varejo não pode mais fazer de conta que, se o faturamento está positivo, não precisa se preocupar com a movimentação da concorrência ou dar uma atenção diferenciada para o cliente dela", afirma.

Fruto do Direito

Embora não exerça a função de advogado, a faculdade de Direito rendeu bons frutos. Afinal, foi nesse período que o executivo conheceu Lauren, que era sua colega de curso. Depois de oito anos de namoro, Claudio e Lauren resolveram trocar alianças e estão casados há seis meses. Os filhos estão nos planos do casal, porém sem data definida. "Adoro criança e acho que sou o tio mais coruja que existe e é por isso que quero ter filhos. Acredito que não vai demorar muito não para surgir a quarta geração da família Goldzstein", conta. 

Não por acaso, considera essencial ter um tempo reservado para a família. Assim, os finais de semana são sempre destinados aos almoços com os familiares. "O fato de ser dono do próprio negócio possui um lado muito bom, que é o da liberdade e o da flexibilidade de poder administrar seu tempo. Mas, em compensação, tem uma série de compromissos que, muitas vezes, não tem como adiar", lamenta.

Quando é necessário, o executivo afirma que vira a noite para terminar um projeto ou organizar materiais. "Gosto de compensar. Se em determinados dias eu acabo me dedicando mais ao meu trabalho, no dia seguinte, eu tento ficar mais em casa. Quando não consigo organizar minha agenda, quem sofre mais com isso é minha Personal Trainer, porque pego os horários dela." Preocupado com a saúde, Claudio freqüenta a academia três vezes por semana, geralmente pela manhã. Acredita que, com isto, o dia começa com outro ritmo.

Profissional determinado

Eclético, não recusa convites para ir ao cinema. "Gosto desde filmes de ação até drama. O cinema brasileiro também está numa fase muito boa", aponta. Apesar de estar com o tempo escasso, gosta de cozinhar e a trilha sonora é embalada por ritmos dos anos 80. Um bom tempo também é dedicado à leitura, que é um gosto e um hábito cultivado desde sua infância. Os livros prediletos vão dos técnicos  e de negócios às áreas de ficção, policial, política e os biográficos. "Gosto de ler biografias de empresários, Acho que dá para aproveitar bastante e tirar muitas experiências, principalmente sobre erros que os outros cometeram. Afinal, é melhor aprender com os erros dos outros e usar os acertos como exemplo", diz ele.

Claudio destaca a determinação como um grande defeito, e também, uma de suas maiores virtudes. "Sou muito teimoso. Entretanto, algumas pessoas preferem definir essa característica como determinação. Acho que para se tornar qualidade ou defeito depende do ponto de vista e de como ela é exercida." Franqueza e honestidade são outros princípios pelos quais costuma zelar. "Temos que ser francos e fazer o bem para os outros, sejam familiares, amigos ou clientes. Acredito naquela idéia de que pensando positivo e perpetuando o bem, isso acaba voltando para você."