Dilza de Santi: Da Filosofia ao pioneirismo em ações pragmáticas

Por um acaso ela entrou no segmento da Comunicação, e desde então nunca mais quis seguir outro caminho. Foi na área de Pesquisa e …

Por um acaso ela entrou no segmento da Comunicação, e desde então nunca mais quis seguir outro caminho. Foi na área de Pesquisa e Planejamento que Dilza Maria Rodrigues de Santi encontrou sua inspiração de vida e, sempre apaixonada pelo que faz, Dilza de Santi sente-se motivada pelo trabalho. Para ela, "trabalhar não é castigo, é prazer, eu me encanto pelos desafios propostos". Assim é possível entender como consegue enfrentar uma jornada que chega a ter entre 18 e 20 horas por dia. Dilza dorme pouquíssimo e diz que gosta disto. Todos os dias, durante uma hora, faz exercícios físicos: caminha, está num treinamento para voltar a correr, e além disso pratica natação. Geralmente, depois do esporte, lê os jornais diários do Estado. Após, cumpre a agenda do dia que envolve visitas a clientes e contatos com empresas contratadas, entre outros compromissos. Quando retorna para seu home office, no final do dia, lê e responde e-mails, faz relatórios, estuda, organiza propostas. Enfim, se a família não reclamar ela não pára. Para se ter uma idéia, há três anos não tira férias. Mas garante que sua vida é sem rotina. Aliás, Dilza odeia rotina e explica que é assim porque sua agenda "sempre foi uma loucura". Conta que antes as empresas só chamavam alguém para planejar ou pesquisar quando já não havia mais recursos. "Então, quando todos os prazos se esgotavam e não tinha solução, aí me chamavam", recorda. Toda hora surgiam novos desafios em localidades e horários imprevistos.
Da Filosofia à Comunicação
A própria carreira de Dilza começou com um imprevisto. Assim que estava concluindo o curso de Filosofia, na USP, foi convidada para trabalhar em uma empresa inglesa de pesquisa, que possuía um sócio brasileiro. Esse grupo era proprietário de grandes empresas multinacionais com know-how na área de Pesquisa, e assim ela teve sua iniciação com o mundo da Comunicação, da Propaganda e do Marketing. Então, os planos de seguir a vida acadêmica acabaram. Hoje, a universidade é um local ao qual sempre retorna, não para estudar, mas para ministrar palestras. Também trabalhou na área de Pesquisa e Planejamento da agência paulista Lage, que hoje é a Lage Magy. Depois atuou na McCann-Erickson, onde atendeu clientes internacionais, e na MPM, quando veio de São Paulo para o Rio Grande do Sul, sua terra natal, onde está até hoje. Daí em diante Dilza desenvolveu cada vez mais seu potencial nesta área passando por grandes agências como DCS, Competence e Escala. Há três anos está em seu vôo solo prestando consultoria para agências de propaganda e empresas de outros segmentos. Já prestou consultoria para shopping centers, indústrias, universidades, empresas de design, entre outros. Atualmente, trabalha para seis empresas diferentes. "Estou muito feliz com o que eu estou fazendo, considero a melhor fase da minha vida", revela. Dilza de Santi foi pioneira na área do Planejamento e Pesquisa no Estado, numa época em que essa área não era muito importante para as empresas. "Ouvir o consumidor não era uma prioridade, e no começo foi muito difícil mostrar a importância desse serviço. Hoje a área está extremamente valorizada", opina. Ela também foi pioneira em desenvolvimento de Conselhos de Consumidores, e garante que foi quem introduziu essa prática no Rio Grande do Sul. O primeiro que montou foi no período em que era diretora da DCS: o Conselho era formado pelos usuários dos clientes da agência. Atualmente, é a responsável pelo Conselho do Ouvinte da Band.
Prazeres da Vida
Para Dilza, os prazeres da vida consistem em ler bons livros, estar com a família e com os amigos. Nas horas de lazer gosta muito de ler, o que explica porque muitas vezes está lendo até cinco livros simultaneamente. No momento está às voltas com "Sem logo", sobre branding, "A história da Civilização", que trata do genoma, o romance "As Cartas", um livro sobre o corpo feminino, "Mulher", e "A ditadura mascarada", de Élio Gaspari. Entre suas leituras preferidas ainda estão livros sobre filosofia e culinária. Por falar em culinária, Dilza é uma cozinheira "de mão cheia". Sabe fazer diversos pratos. "Tenho bom conhecimento principalmente sobre a cozinha do Norte da Itália e a francesa", revela. Já fez cursos com chefs de cozinha em São Paulo e os pratos que mais gosta de fazer para seus amigos são os compostos por frutos do mar. Dilza sempre que pode reúne os amigos em sua casa para comer, beber um bom vinho e conversar. Nessas ocasiões pode mostrar sua coleção de bonecos de artesanato. Ela coleciona bonecos que representam alguma atividade/tradição ou folclore de uma região. Possui uma coleção muito rica de várias regiões do mundo, enriquecida com as contribuições de amigos que trazem estes recuerdos de viagens internacionais.
Tudo em família
Como se não bastasse ter sido desviada para a Comunicação, Dilza casou com um jornalista e um de seus filhos decidiu seguir a profissão do pai. Há 30 anos é casada com Mário de Santi, que hoje se dedica ao seu restaurante Orquestra de Panelas, localizado no bairro Moinhos de Vento. Eles têm dois filhos, Alexandre, 23 anos, jornalista, e Caio, 28 anos, arquiteto. (A propósito, a idade ela não revela. Deixa escapar uma pista ao comentar que "as pessoas pensam que eu tenho menos idade. Vamos deixar que continuem pensando assim?") A agenda de todos impossibilita encontros mais freqüentes entre eles. Então, o almoço dominical tornou-se o ponto de encontro e o horário em que a família coloca os assuntos em dia. Dilza conta que não se incomoda em não ter um maior convívio com os filhos hoje. "Quando eles eram menores nós sempre viajávamos juntos para fugir da correria do dia-a-dia", lembra. Aliás, a família só não conhece a África e a Ásia, porque já visitaram juntos grande parte da Europa, América do Norte e América do Sul, incluindo aí várias regiões do Brasil. De todos os lugares visitados, foi a França que mais encantou Dilza: é o país que ela mais visitou e com o qual mais se identifica: "Gosto da França porque é um país que tem uma identidade com a Filosofia, que está na base de minha formação, e pela sua riqueza cultural".
Poucos sabem?
Poucas pessoas sabem, mas esta gaúcha, natural de Uruguaiana, saiu do Estado na época de sua juventude e foi morar em São Paulo em função da ditadura militar. Sempre foi muito ativa e participava do movimento estudantil. Viveu no ABC Paulista como operária e atuava nos movimentos sindicais dos metalúrgicos. Era filiada à Ação Popular (AP) e chegou a ficar um período na prisão. Em 1969, ficou clandestina dentro do país, durante 11 meses, com falsa identidade, falsa história e endereços alternados. Uma de suas tarefas foi ser segurança pessoal do Herbert de Souza, o Betinho. Também participou de várias ações para tirar pessoas do país. Hoje, está feliz com o momento político do Brasil e tem esperança de mudanças. "Finalmente se despertou para o que é a nação brasileira", diz ela. Entre os planos para o futuro, ainda sem datas estipuladas, estão duas atividades tão distintas entre si quanto escrever um livro e aprender a mergulhar. Quer lançar uma obra sobre Planejamento e Pesquisa e relatar suas experiências nesta área, as quais adquiriu também por conviver ao lado de profissionais como Adão Juvenal de Souza, Antônio Mafuz, o presidente da Azaléia, Nestor de Paula, além de profissionais de São Paulo como Roni Lage e Júlio Ribeiro.

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