Edegar Paschoal Schmidt: Uma vida com o futebol

Ele tem 38 anos de carreira no rádio, 34 deles na Guaíba. Com o trabalho no jornalismo esportivo, conheceu o mundo e ganhou a vida

Edegar Paschoal Schmidt - Reprodução

Edegar Paschoal Schmidt nasceu em Cachoeira do Sul em 24 de fevereiro de 1949. Lá, teve uma infância tranqüila marcada pelas brincadeiras de criança no sítio do avô. "Ele morava em uma chácara com riacho, peixinhos, campo para jogar bola", relembra. É filho de Oscar e Miraci e tem duas irmãs, Helga ( já falecida) e Elisa. Também foi em Cachoeira que Schmidt começou a carreira jornalística, contrariando a vontade da família. "Queriam que eu optasse entre um concurso do Banco do Brasil e a carreira militar". Aos 16 anos, incentivado por um amigo, decidiu fazer um teste na Rádio Princesa. "Era a rádio mais brega da cidade e eu ainda fui reprovado", conta. Persistente, foi tentar novamente na Rádio Cachoeira, onde conseguiu uma vaga, iniciando uma carreira de sucesso e cheia de realizações.

Paralelo ao rádio, Schmidt começou a escrever sobre esportes no Jornal do Povo. Aos 18 anos teve uma oportunidade de trabalho em Joinville (SC), onde permaneceu por um ano. De volta a Porto Alegre, foi aprovado em um teste na Rádio Difusora. "Trabalhei na Difusora um único dia e recebi a ligação do Pedro Pereira me convidando para fazer um teste de improviso e conhecimentos na Rádio Guaíba, já que a minha voz ele já tinha escutado. Comecei lá no dia seguinte."

Estreou na Guaíba como auxiliar do plantão de esportes; em uma semana  assumiu o plantão e depois de 30 dias já estava na reportagem, onde permaneceu por 12 anos. Em 1985, passou a ser comentarista. Da Rádio Guaíba, onde atualmente mantém um comentário diário, além de participar das transmissões dos jogos de futebol, Schmidt saiu duas vezes: Em 1974, quando foi para a RBS TV e Rádio Gaúcha, onde atuou por pouco mais de um ano, e em 1986, quando foi para Cascavel (PR) como diretor de esportes da TV Tarobá, por 11 meses. A ligação com a cidade paranaense continua. Diariamente, ele escreve uma coluna para o Jornal Hoje.

Pelo mundo

A trajetória profissional lhe rendeu boas experiências profissionais e pessoais. "Participei da cobertura de seis Copas do Mundo, fiz quatro viagens à Europa com a Seleção Brasileira de Futebol e fui o primeiro repórter de televisão do Rio Grande do Sul a fazer um boletim da Europa durante uma viagem do Internacional  em 1975", recorda. "Graças ao futebol conheço boa parte do mundo e consegui coisas das quais me orgulho", completa.

Dos lugares que conheceu destaca a beleza das cidades de Paris, Londres e Roma, mas descreve Turquia e Arábia Saudita como os lugares mais "impressionante" que já esteve. "A Turquia te dá um choque cultural. O tempero da comida é muito forte, não há mulheres nas ruas, o bazar turco é espetacular, existe um estádio com ar condicionado no meio do deserto, não há bares pois é proibido bebidas alcoólicas".

Da Arábia Saudita ele relata uma cena que considera "impressionante". "A Seleção Brasileira e a imprensa foram recebidas pelo Sheik com presentes e uma comida excelente, arroz com passas e carneiro. Enquanto comíamos, um grupo de 20 ou 30 homens nos observava; mais tarde viemos a saber que eram os jogadores que enfrentariam o Brasil. Saímos, mas tivemos que voltar para pegar uma sacola que um colega havia esquecido. Chegando lá, encontramos o salão todo revirado e os jogadores em torno de um panelão, comendo com as mãos".

O futuro do futebol

A violência nos estádios é motivo de tristeza para o jornalista. "É muito triste, alguma coisa tem que ser feita senão vão acabar com o futebol", afirma. Para ele, que acompanhou o crescimento do futebol gaúcho e a guinada do futebol romântico para o futebol "negócio", futuramente o esporte terá sua NBA e a Copa do Mundo deverá terminar.  "Os grandes jogadores estarão nos grandes times do mundo e as seleções serão formadas por jovens em busca de destaque. Não é negócio jogar na Seleção", acredita.  

O fracasso da Seleção Brasileira na Copa da Alemanha não foi nenhuma surpresa para Schmidt. "Estava na cara que isso aconteceria, o Parreira é inteligente, estudioso mas é uma barata, não tem sangue e não é líder. O Luís Felipe Scolari está provando para o mundo, com uma seleção inferior como a de Portugal, que com liderança e emoção se consegue coisas inacreditáveis", diz ele, sobre o amigo de longa data. "Temos uma amizade desde a época que Felipão tinha um fusquinha vermelho e eu conseguia fitas da Guaíba FM para ele descer de Caxias a Porto Alegre, namorando a Olga", recorda.

Para o futuro profissional  o jornalista pretende, em breve, redirecionar a carreira e atuar no departamento de Marketing de algum clube. "Conheço muita gente e tenho algumas idéias", garante. E embora ainda não tenha acerto nenhum, não esconde a preferência e simpatia pelo Atlético Paranaense. "É o único clube brasileiro que não tem dívidas, além de ter o estádio mais moderno do país."

Atuar em mídia eletrônica também desperta o interesse de Schmidt. Ele avalia que o rádio está, cada vez mais, perdendo força nas transmissões de partidas de futebol. "A televisão tomou conta desde que começou a mostrar os bastidores e a dar informações que, antes, só o rádio dava, além de oferecer as imagens."

Fora do estádio e do estúdio

Quando está fora do estádio e do estúdio, aproveita o tempo livre para viajar e conhecer algum lugar do interior gaúcho ou visitar a família, em Cachoeira.  Quando está em casa, o passatempo são os filmes, na televisão, ou um bom livro, de preferência ligado ao jornalismo. "Não gosto de filmes que me deixam de baixo-astral e dos livros, prefiro os que são relacionados ao meu trabalho, agora estou lendo 'A política explica o futebol'."

Com orgulho, fala dos filhos Manoela, 22 e Lourenço, 24, do casamento com a jornalista Maristela Bairros, de quem está separado há 11 anos. "Adoro estar com eles. Levo a Manoela todos os dias para a faculdade. O Lourenço é músico, o artista da família, falo com ele quase que diariamente e nos vemos sempre que dá."

De hábitos simples, não se considera exigente em se tratando de gastronomia, mas faz questão de apreciar um bom vinho todas as noites. Para manter a bela voz, Schmidt tem um segredo: uma pastilha de vitamina C todos os dias. De fácil relacionamento com as pessoas, considera essa a sua maior qualidade. Dos defeitos, destaca o hábito de falar demais: "Às vezes falo até o que não devo".

Com uma vida praticamente dedicada ao trabalho como jornalista esportivo, já faz planos para uma aposentadoria, para daqui há uns dez anos. "Meu sonho é vender tudo o que eu tenho e comprar uma casa em João Pessoa. É uma cidade barata e de clima muito agradável", justifica ele, feliz com sua história e suas conquistas. "Ao longo da minha carreira ganhei muito amigos, ganhei minha vida com o futebol e graças a Deus ganhei honestamente", finaliza, revelando sinceridade.

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