Cinco perguntas para Roberto Belmonte

Há quatros anos como professor da Uniritter, jornalista ministra a disciplina de Jornalismo Ambiental

Roberto Belmonte - Arquivo pessoal

  1. Quem é você, de onde vem e o que faz?

Meu nome é Roberto Villar Belmonte, tenho 49 anos, sou jornalista formado na Famecos em 1991 e professor de Jornalismo na UniRitter há quatro anos. Nasci em Porto Alegre, no bairro Menino Deus. Hoje, vivo na Cidade Baixa.

Comecei a conhecer o mundo da Comunicação em casa com meu pai, João Carlos Belmonte. Atualmente, estou afastado da reportagem para concluir minha pesquisa de doutorado no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Ufrgs sobre Jornalismo, Ambiente e Interesses Econômicos: Conflitos e Configurações.

Antes de começar a dar aulas, trabalhei para diversos veículos: Agência Safras & Mercado (de Silmar Müller), Rádio Gaúcha (RBS), jornal de bairro Oi Menino Deus (de Geraldo Canali), Já Ambiente (de Elmar Bones), revista Campo Aberto (da Massey Ferguson), e Agência IPS de Notícias e jornal Extra Classe (do Sinpro). Também fui assessor de comunicação do Programa Pró-Guaíba, na gestão de Olívio Dutra, e militei por muitos anos no Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, onde ajudei a criar a Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.

Desde a faculdade, tenho interesse nos temas ambientais, mas foi minha experiência como repórter da rádio Gaúcha, cobrindo a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, que marcou para sempre minha vida profissional.

  1. Por que escolheu atuar com Jornalismo?

Queria, e ainda quero, contribuir com um mundo melhor, mais justo. Acho fascinante o tipo de conhecimento da realidade que o método de trabalho jornalístico proporciona. Apurar e publicar algo que tua comunidade não sabe, mas precisa saber para se transformar em um lugar melhor é nossa principal função e o que mais me mobiliza na profissão. A boa informação jornalística tem potencial para mudar a visão de mundo das pessoas, pois elas descobrem coisas que não sabiam e/ou novos pontos de vista para velhos problemas. Quando esta mudança no mundo intersubjetivo ocorre, a possibilidade de mobilização social aumenta. Com a motivação da comunidade, mudanças no mundo objetivo podem ocorrer.

O Jornalismo não só pode, como deve participar desse processo com informações de interesse público apuradas com competência técnica e responsabilidade moral. Isto que eu acredito que pode ajudar a fazer do nosso mundo um lugar mais justo e ecológico. Utopia? Claro que sim. Romantismo? Também. Minha força de trabalho vem do meu romantismo e da minha utopia. É uma pena que cada vez mais pessoas saem de casa pela manhã sem uma razão para viver, sem uma grande utopia. O Jornalismo é a minha.

  1. O que significa ver seus alunos sendo reconhecidos por trabalhos voltados ao Jornalismo Ambiental, uma causa que você abraça e defende?

O Jornalismo Ambiental é uma especialidade temática que, no Brasil, surgiu no final dos anos 1980, seguindo uma tendência iniciada na Europa e nos Estados Unidos. Todo jornalista que se especializa na área trabalha para alertar e mobilizar a sociedade acerca dos riscos ambientais que os grandes interesses econômicos tentam silenciar. Esta atuação jornalística consciente é, muitas vezes, chamada de ativismo com o objetivo de minar sua credibilidade, pois os principais temas ambientais sempre envolvem grandes interesses econômicos.

Atualmente, com as mudanças globais em curso - sendo que as transformações no clima são apenas uma delas -, todos os jornalistas precisam lidar com o assunto, não apenas os especializados. É para dar conta deste desafio que trabalho na minha disciplina este segmento. Cada prêmio conquistado pelos meus alunos confirma que estou no caminho certo, o do bom Jornalismo. 

  1. O que todo jornalista precisa saber para encarar o mercado?

Estamos no olho de uma revolução tecnológica, um furacão que já varreu todo cenário da Comunicação Social, em geral, e do Jornalismo, em particular. É fundamental, portanto, acompanhar as novas ferramentas lançadas em profusão por meio de experiências, cursos, oficinas e projetos. No entanto, não é só a tecnologia que importa, o conteúdo faz toda a diferença. Ele precisa ser diferenciado, seja em redações tradicionais, em assessorias de comunicação ou em veículos empresariais, e exige formação continuada, leitura e mais leitura.

Falar em um microfone qualquer desinibido fala. Opinar em posts nas redes sociais qualquer cidadão opina. Mas realmente comunicar em um mundo onde todos informam é um desafio que exige um olhar interdisciplinar e uma capacidade, acima da média, de trabalhar em equipe.

Todo jovem jornalista tem que saber que o mercado precisa de novas soluções e configurações de negócios porque, tudo indica, os dias das grandes redações estão contados. O que talvez possa vir a ser uma boa notícia para a profissão e um cenário propício para pequenos e médios empreendimentos. Acho fascinante acompanhar este momento histórico. 

  1. Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Após concluir minha pesquisa de doutorado, daqui a dois anos, vou voltar a estudar linguagem de programação e pretendo aprender mandarim. Também vou tirar da gaveta alguns projetos de livro-reportagem sobre temas ambientais. Nas minhas aulas, quero focar cada vez mais nas técnicas de apuração digital e nos novos formatos de narrativa que o Jornalismo digital permite e que já começamos a explorar em algumas disciplinas. Ainda, pretendo promover experiências de ensino, envolvendo meus alunos com estudantes de outras instituições da Rede Laureate em outros países, criando uma cultura de colaboração internacional entre os jovens jornalistas desde a faculdade.

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