Fechamento de PPGCC da Unisinos será levado à equipe de transição do Governo Federal

Encaminhamento foi dado durante audiência pública na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do RS

Audiência aconteceu na Comissão de Educação - Celso Bender

Em julho deste ano, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) informou o fechamento de 12 cursos, entre eles, o Programa de Pós-Graduação de Ciências da Comunicação (PPGCC). Por proposição da deputada Luciana Genro (PSOL), na última sexta-feira, 2, a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa realizou uma audiência pública para debater o fim desses e do PPG de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O principal encaminhamento da reunião foi a organização de um grupo para levar a pauta à equipe de transição do Governo Federal, a fim de buscar alternativas ao término das capacitações.

"Sabemos o quanto a pós-graduação é importante dentro de uma universidade e o quanto contribui também para que tenhamos uma graduação de melhor nível, tanto para estudantes quanto para professores", destaca a proponente da ação, Luciana Genro. A mediação deste diálogo será feita pela deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), que participou do encontro de forma virtual. 

Conforme a parlamentar, é uma reivindicação pelo cumprimento do compromisso de campanha de Lula, "de que possa promover programas que garantam o funcionamento das universidades que são comunitárias, que prestam contas à população por seu serviço e dão contrapartida à população pelo dinheiro público que recebem."

Contexto econômico

Na reunião, Luciana abordou o contexto político e financeiro pelo qual passam as instituições. "Sabemos dos problemas que vêm sendo enfrentados pelas universidades que não são 100% financiadas pelo poder público e que também vêm sofrendo com o desmonte da assistência estudantil, como o ProUni, promovido pelo governo Bolsonaro."  

A falta de alunos e recursos financeiros são as justificativas apresentadas pelas instituições para o encerramento. "Choramos por cada um desses 12 cursos", garantiu Maura Corcini Lopes, diretora da Unidade de Pesquisa e Pós-Graduação da Unisinos. "É uma medida que sabíamos do impacto, da repercussão, mas se não tivéssemos a coragem de colocar publicamente, também não daríamos luz para um problema que as universidades comunitárias no Estado estão sofrendo."

Maura garantiu que todas as autoridades políticas e competentes foram procuradas, incluindo o Ministério da Educação (MEC) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). "Nosso interesse é conseguir manter a universidade aberta, pagar salários, honrar os funcionários, poder encontrar alternativas para não aumentar ainda mais o impacto."

Visão das comunidades acadêmicas 

Para o professor Rafael Campos, representante da Associação dos Docentes da Unisinos, a decisão foi realizada de forma unilateral por parte da Reitoria. "Faltou transparência, foi um processo obscuro, a gente não teve conhecimento dos critérios de fechamento dos PPGs. Havia alguns que estavam recebendo alunos e recursos inclusive."

Nessa mesma linha, Bianca Rosa, aluna do PPGCom e integrante da Associação de Discentes da Unisinos, lembrou que o curso é nota sete na avaliação da Capes, a mais alta possível de ser atribuída, que representa excelência. "É desolador saber que somos tratados como números quando sabemos que a pós-graduação impacta a sociedade como um todo."

Integrantes dos Diretórios Centrais de Estudantes (DCEs) das duas universidades e representantes de universitários dos cursos de graduação ligados aos PPGs extintos estiveram no encontro. "O DCE reforça a necessidade de participação do poder público na resolução da questão dos programas de pós-graduação da Unisinos. Lutamos pela ciência e pela pesquisa", disse Eduarda de Moraes, que leu uma carta elaborada pelo diretório da Unisinos.

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