A Publicidade do vulcão que engoliu a cidade de Armero

Por João Firme, para Coletiva.net

Das minhas lembranças de amor, esperança e caridade, selecionei como Publicidade a triste história de um vulcão colombiano adormecido, que acordou na madrugada. Com larvas de barro do Nevado del Ruiz, que se diluíram no gelo que estava, penetraram em tantas casas de uma população de mais de 50 mil pessoas da cidade de Armero. Uma tragédia mundial, socorrida pela Cruz Vermelha Brasileira, com sede no Rio Grande do Sul, cidade de Porto Alegre.  

Na época, em novembro de 1985, eu estava envolvido com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que pediu para a Associação Latino-Americana de Publicidade (Alap) divulgar a publicidade social na América Latina e no Caribe, com anúncios voltados à participação do idoso na sociedade e de estudantes na divulgação do ecoturismo, preservação do meio-ambiente, educação e saúde.

A Alap foi procurada pela presidente da Cruz Vermelha Brasileira, que nos pediu uma campanha publicitária em jornais e rádios para minorar as consequências da tragédia, que tiraram da Colômbia a Copa do Mundo por falta de recursos do governo, sendo transferida para o México. Tínhamos colegas e amigos na Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro), presidida pelo gaúcho José Daltro Franchini, CEO da Símbolo Propaganda, de Porto Alegre, e presidente da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap).

Ele nos deu duas meias páginas de jornais standards e tabloides, com apelo publicitário para ajudar as famílias desabrigadas da tragédia. O Estado de São Paulo, que tinha à frente Cláudio Santos, ex-diretor comercial do jornal O Globo, foi o primeiro a veicular os dois anúncios na semana do epicentro.

No rodapé, tínhamos a conta para depósito da Cruz Vermelha e as logomarcas de apoio da Associação Nacional de Jornais (ANJ); Associação de Jornais do Interior do Rio Grande do Sul (Adjori); Associação Riograndense de Imprensa (ARI); Associação Riograndense de Propaganda (ARP); Federação Nacional de Agências de Propaganda (Fenapro); Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio Grande do Sul (OAB/RS); Instituto de Advogados do Brasil (Iargs), Ministério Público Federal (MP/RS); Justiça Federal (JFB); Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4); Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e Associação dos Magistrados do Trabalho (Amatra).

No dia 20 de dezembro de 1985, compareceu na Símbolo Propaganda a presidente da Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul para entregar às entidades que apoiaram o evento um certificado de Menção Honrosa, informando que cerca de 800 milhões de cruzeiros haviam sido arrecadados. O anúncio, por sua vez, foi copiado em espanhol e distribuído para grandes jornais da América Latina, pelo presidente do Capítulo Brasileiro da Alap na Colômbia, professor universitário de Comunicação e lobista do governo, German Puerta. 

Nos contatos, informei que o controle do encaminhamento da verba arrecadada era feito por um próprio banco. No caso, o do Brasil. Isentando qualquer dúvida de corrupção aos cruzeiros. A pedido pelo êxito da campanha, fui homenageado com minha esposa Eloah pelo Senado da Colômbia, onde compareci antes do Natal. Um 25 de dezembro como um presente que Deus me deu por ter pensado e ajudado o próximo.

João Firme é jornalista, publicitário, relações-públicas e advogado.

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