As redes sociais como uma ponte entre o repórter e o leitor

De Amanda Krohn, para o Coletiva.net

Repórter não pode ser estrela: repórter trabalha escondido nos bastidores, fazendo com que a comunidade e seus problemas sejam vistos e, quem sabe, resolvidos. É o que aprendemos durante os quatro anos de graduação em Jornalismo e também durante a carreira.

Mas e quando, em um contexto de crise e ataques ao jornalismo, o "aparecer" se transforma em uma ponte entre o repórter e o leitor?

É claro que, durante a pauta, a prioridade sempre deve ser ouvir mais do que falar e mostrar mais do que aparecer. Só assim é possível desenvolver a nossa empatia para que tenhamos a capacidade de compreender todos os lados de uma mesma pauta.

No entanto, em tempos digitais, em que disputamos nossa audiência com grupos de Whatsapp de procedência duvidosa, é preciso mais do que apenas fazer a entrevista e entregar o texto. Temos que estabelecer uma conexão com a população não apenas para que ela escolha nosso texto dentre diversos outros (utilizando as famosas técnicas de SEO), mas também fazê-la entender a importância de um jornalismo feito por profissionais formados.

Como vamos disseminar a informação correta e devidamente apurada se ninguém a ler? É aí que entra o "algo a mais": o desenvolvimento de uma marca pessoal nas mídias online. Unindo bom humor aos desafios típicos de nosso dia a dia (como uma noite de fechamento, por exemplo), é possível mostrar que existe um grande passo a passo por trás de cada reportagem publicada, e que um bom trabalho não é feito sem esforço e a técnica aprendida na graduação.

Quando se está no começo de um trabalho como esse, o esforço pode parecer invisível devido aos algoritmos cada vez mais complexos de redes como o Instagram. Mas foi desta forma que, certa vez, escutei um relato emocionante de uma fonte que entrevistei há mais de um ano e acompanhou a cobertura que mostrei sobre a enchente histórica no meu perfil do Instagram, @_amandakrohn.

Em uma das pautas, a fonte em questão (um professor de escola fundamental), afirmou que, me ver trabalhando e entrando na água (claro, sempre com proteção) mesmo enquanto lidava com o fato de que minha casa também havia sido atingida, fez com que ele se sentisse pronto para voltar de Roca Sales para São Leopoldo após ter perdido um ente querido.

Quando comentei que fui pega de surpresa pela história, ele respondeu: "vocês jornalistas fazem um trabalho muito importante". Ouvir isso me fez ter ainda mais certeza da importância de mostrar, com sensibilidade, o dia a dia de um jornalista.

Não é sobre "virar influenciador digital", e sim sobre incentivar a valorização de nossa profissão - tão sucateada nos últimos tempos.

Amanda Krohn é jornalista, repórter no Jornal VS, comunicadora freelancer e pós-graduanda em Jornalismo Digital.

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