Cantinflas e eleições

Por Vilson Antonio Romero O ator e comediante mexicano Fortino Mario Alfonso Moreno Reis (1911 – 1993) imortalizou o personagem Cantinflas, que utilizava seu …

Por Vilson Antonio Romero
O ator e comediante mexicano Fortino Mario Alfonso Moreno Reis (1911 - 1993) imortalizou o personagem Cantinflas, que utilizava seu vernáculo inicialmente como se fosse uma conversa normal que, aos poucos, se transformava num "enrolation" que, ao final, ninguém entendia nada.
Quando seu personagem devia dinheiro a outro e era cobrado ou ao cortejar lindas mulheres ou ao tentar sair de enrascadas com as autoridades, sempre brotava uma "conversa de Cantinflas", que normalmente "tonteava" o interlocutor, que às vezes desistia de entender o que era dito.
Pois, em época de campanha eleitoral, a maior parte das aparições públicas, discursos, programas de rádio e TV, planos de governo e promessas de palanque se assemelham a "conversas de Cantinflas", pois dificilmente, a não ser os franco-atiradores - que nada têm a perder - os candidatos com efetivas chances, em especial, de assumirem os governos federal e estadual, mostram suas efetivas intenções ou medidas concretas a serem desencadeadas ao serem empossados.
Ficam numa eterna enrolação, atendendo às determinações de marqueteiros, especialistas, consultores de imagem e outrem que lhes dizem como devem se vestir, se pintar, se pentear, caminhar, falar, abraçar criancinhas, tirar fotos do lado certo, sorrir de forma enigmática, etc.
Ou ainda falando a cada público o que ele quer ouvir, dependendo da platéia, seja trabalhadora de uma forma, seja empresarial, de outra.  Seja numa porta de fábrica, com um vocabulário, seja num centro de eventos com patrocinadores de sua campanha, com outro.  Tudo bem estudado, com pouca espontaneidade, quase um produto sendo vendido ao mercado - neste caso, eleitoral, em busca de mais valia da moeda que importa, o voto na urna.
Apesar de reclamarmos, faz parte do circo democrático, que ainda não foi substituído por nenhum outro que, de fato, permita a participação final e efetiva do eleitorado, com o sagrado sufrágio eleitoral, mesmo que, ainda cá em Pindorama, compulsório.
Mas, com certeza, temos que ter clareza que uma coisa é o palanque, seja ele eletrônico - que invade nossas casas todos os dias, pelas ondas do rádio - ou imagens televisivas - ou das panfletagens, carreatas, caminhadas, que à medida em que se aproxima o 3 de outubro, mais recrudescem em todos dos cantos do Brasil, outra coisa deve ser a vida real do governo eleito e com a "faixa no peito".
Enquanto isto, haja ouvido para tantas "conversas de Cantinflas".

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